As sobretaxas já estão em vigor de maneira provisória e agora dependem de uma decisão da Comissão Europeia, poder Executivo do bloco, para se tornar definitivas por um prazo inicial de cinco anos.
Por Redação, com ANSA – de Bruxelas
Os países-membros da União Europeia aprovaram nesta sexta-feira a instituição de sobretaxas alfandegárias contra carros elétricos fabricados na China, acusada pelo bloco de prejudicar a concorrência com pesados subsídios ao setor.
A votação ocorreu no âmbito do Comitê de Defesa Comercial, composto por funcionários de cada um dos 27 membros do bloco, e teve um placar de 10 votos a favor e cinco contra, com 12 abstenções.
Segundo fontes europeias consultadas pela agência italiana de notícias ANSA, a Alemanha, maior economia da UE, é um dos países que se posicionaram contra a medida, ao lado de Eslováquia, Eslovênia, Hungria e Malta, enquanto França e Itália votaram pela instituição das tarifas.
Os outros favoráveis são Bulgária, Dinamarca, Estônia, Holanda, Irlanda, Letônia, Lituânia e Polônia. Já Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, Espanha, Finlândia, Grécia, Luxemburgo, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia se abstiveram.
As sobretaxas já estão em vigor de maneira provisória e agora dependem de uma decisão da Comissão Europeia, poder Executivo do bloco, para se tornar definitivas por um prazo inicial de cinco anos.
– A Comissão Europeia não deveria deflagrar uma guerra comercial, apesar do voto a favor de sobretaxas punitivas contra a China. Precisamos de uma solução negociada – disse no X o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner.
Por sua vez, o ministro das Empresas e do Made in Italy, Adolfo Urso, defendeu o voto favorável da Itália, mas ressaltou que é preciso “preservar a parceria industrial e comercial” com o gigante asiático. “Esperamos que as negociações levem a uma solução compartilhada”, acrescentou.
As alíquotas impostas de maneira provisória pela Comissão Europeia são de 36,3% para a montadora Saic, de 19,3% para a Geely e de 17% para a BYD. Outros fabricantes que cooperaram com a investigação da UE estão sujeitos a tarifas de 21,3%, enquanto os que não colaboraram têm de arcar com taxas de 36,3%. Já os veículos produzidos pela Tesla, do bilionário Elon Musk, em território chinês pagam 9%.
No entanto, as tarifas aprovadas pelos Estados-membros nesta sexta são ligeiramente mais baixas, com exceção da BYD, segundo um funcionário europeu de alto escalão: 35,3% para a Saic, 18,8% para a Geely e 7,8% para a Tesla, além de 20,7% para montadoras que cooperaram e 35,3% para as que não colaboraram.
Carros elétricos chineses
Com isso, os impostos sobre carros elétricos chineses no bloco podem chegar a 45%, uma vez que esses produtos já pagavam uma tarifa de importação de 10% antes da disputa comercial.
Por meio de um porta-voz, o Ministério do Comércio da China disse que se opõe “com firmeza” a “práticas protecionistas injustas e irracionais” e instou Bruxelas a “retornar ao caminho certo” para resolver a questão com “diálogo”.
Em agosto passado, Pequim abriu uma investigação sobre subsídios da UE e dos Estados-membros a produtos lácteos, como queijos, prenunciando uma possível retaliação pelas sobretaxas contra carros elétricos.