Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Estudo inclui Floresta Amazônica sob risco de chegar ao ponto de não retorno

Arquivado em:
Domingo, 12 de Março de 2023 às 12:16, por: CdB

Nesta semana, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou dados preocupantes envolvendo as mudanças climáticas e ameaças ao cultivo de alimentos no Brasil.


Por Redação, com DW - de Berlim

Biomas em todo o mundo podem chegar em breve ao chamado ponto de inflexão. Na prática, isso significa que os danos provocados pelas mudanças climáticas serão irreversíveis. Estudo recente publicado na revista científica Reviews of Geophysics coloca a Floresta Amazônica e recifes de corais, como a Grande Barreira de Corais na Austrália, no rol de atingidos. Mas outras autoridades, como o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, atestam a informação.

efeitoestufa.jpg
Queimadas e desmatamento reduziram capacidade de captura de CO2 na floresta tropical


Nesta semana, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou dados preocupantes envolvendo as mudanças climáticas e ameaças ao cultivo de alimentos no Brasil. O levantamento conjunto com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) estima aumento na temperatura em regiões cultiváveis no país de até 2,8°C até 2050. Isso em um cenário onde a produção de feijão, por exemplo, terá de crescer 44% para dar conta da demanda nacional.

Desafios urgentes


Os desafios são urgentes. O governo brasileiro atua para reverter um cenário de descontrole no desmatamento, herdado do ex-presidente Jair Bolsonaro. A tarefa é ingrata e os índices de devastação seguem elevados. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que fevereiro bateu o recorde de desmatamento de toda a série histórica para o período, iniciada em 2015. O aumento alarmante do desmatamento, especialmente nos últimos quatro anos, colocou o Brasil como quinto maior emissor de gases do efeito estufa no mundo.

Enquanto isso, seguem os efeitos de uma geopolítica desastrosa. Por exemplo, a guerra entre Rússia e Ucrânia leva a comunidade europeia a reativar usinas termoelétricas a carvão. Trata-se do modal energético mais prejudicial ao meio ambiente. Além disso, outro estudo encomendado pelo governo alemão, divulgado nesta semana, aponta que o país gastará cerca de € 1 trilhão para mitigar efeitos das mudanças climáticas até 2050.

Mudanças climáticas


Uma corrente científica ganha força nos últimos anos entre os geólogos, o conceito do Antropoceno. Trata-se de uma nova era geológica na Terra, caracterizada pela influência do homem nos ecossistemas e nas demais organizações planetárias. O termo, criado pelo químico Paul Crutzen, Nobel de Química de 1995, leva como ponto básico de inflexão os disparos das primeiras bombas atômicas, além da queima intensiva de combustíveis fósseis. Ou seja, reflexo da evolução tecnológica e da expansão populacional da humanidade, fatores que podem levar a sociedade à maior crise de sua história.

De acordo com o estudo, coordenado por 12 pesquisadores de Brasil, Canadá, China, Estados Unidos e Reino Unido – publicado na Reviews of Geophysics –, as mudanças antropogênicas, ou seja, aquelas causadas pelo homem, são notáveis e crescentes. Entre elas, destaque para 10:

• Mudanças em correntes oceânicas;

• Liberação de metano do assoalho marinho (fundo do oceano);

• Perda de grandes camadas de gelo;

• Liberação de carbono de camadas congeladas do solo;

• Mudanças nas florestas boreais;

• Alterações em ventos de monções (associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca);

• Dispersão de nuvens estratos-cúmulos (que se formam abaixo dos 2 mil metros de altitude);

• Perda do gelo do Ártico no verão;

• Transformações na Floresta Amazônica;

• Branqueamento de corais de águas rasas.

— Essas mudanças podem afetar ecossistemas de modo sem precedentes. Talvez não na nossa geração, mas seguramente na de nossos filhos e netos. Então, é uma responsabilidade muito grande que a gente precisa incorporar como sociedade e como prática diária, de repensar nossas ações, nossas decisões — resumiu a pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e a coautora do estudo, Liana Anderson, na revista norte-americana National Geografic.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo