Ao menos cinco fornecedoras diretas de madeira do empresário Luiz André Tissot foram autuadas por desmatamento entre 2019 e 2022. Juntas, elas somam mais de R$ 1,5 milhão em multas, segundo dados do Ibama. Infrações ambientais também foram cometidas pelo empresário Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da Mormaii.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Dois dos oito empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições têm ligação com o desmatamento na Amazônia Legal e no Sul do país. A denúncia foi divulgada nessa segunda-feira, em reportagem da revista Repórter Brasil – um dos principais centros de informações sobre combate ao trabalho escravo e aos danos socioambientais no país. O estudo revela que a Sierra Móveis, cujo proprietário é Luiz André Tissot, compra madeira de fornecedores que desmatam ilegalmente a Amazônia.
Ao menos cinco de suas fornecedoras diretas de madeira foram autuadas por desmatamento entre 2019 e 2022. Juntas, elas somam mais de R$ 1,5 milhão em multas, segundo dados do Ibama. Infrações ambientais também foram cometidas pelo empresário Marco Aurélio Raymundo, o Morongo. Ele e sua empresa, a Mormaii, especializada em artigos esportivos que prega desenvolvimento sustentável e contato com a natureza, receberam multas no valor total de R$ 255 mil por desmatamento em uma área protegida em Santa Catarina.
Amazônia
Também no caso da Sierra Móveis, a empresa se divulga como sustentável, prometendo produtos com “madeira extraída de forma renovável, a partir de reflorestamento, onde cada árvore é imediatamente substituída”, segundo seu site. No entanto, quase a maioria das infrações ambientais – 47% – aconteceram na Amazônia Legal, no Estado do Mato Grosso. Todas as madeiras autuadas, segundo a Repórter Brasil, têm sede em Aripuaña.
O município é o primeiro do ranking das áreas mais exploradas legalmente no Estado e é está em quarto no ranking dos locais que mais desmatam de forma ilegal, conforme mostra mapeamento do Instituto Centro de Vida (ICV). Ao todo, 7.115 hectares de madeira foram extraídas ilegalmente em 2020.
À reportagem, o engenheiro florestal e coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV explicou que as cidades no topo dos dois rankings, tanto de exploração legal como ilegal, coincidem porque “há gargalos no monitoramento, o que facilita o ‘esquentamento’ da madeira fria, ilegal, já que ela acaba sendo misturada à madeira autorizada”, observa.
Em resposta, a Sierra alegou à reportagem que “somente trabalha com madeiras de reflorestamento e manejo sustentável” e que as empresas citadas não fazem parte da sua lista atual de fornecedores. As demais empresas citadas não retornaram o contato.