A falta de acessibilidade nos ônibus do Rio de Janeiro é vista por muitos como uma barreira ao exercício da cidadania, começando na roleta onde o desconforto é evidente.
Por Redação, com Diário do Rio – de Rio de Janeiro
Uma passageira, identificada como Regina Santos de Oliveira Gonçalves, de 48 anos, foi vítima de um incidente angustiante no domingo ao ficar presa por cerca duas horas na roleta de um ônibus em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Enquanto aguardava a equipe de atendimento da Salineira, empresa responsável pelo transporte público na região, a passageira sofreu com dores abdominais e inchaço nas pernas.
De acordo com informações do portal G1, Helionai Gonçalves, filha de Regina, afirmou que a mãe estava próxima a um hospital no bairro Jardim Esperança e se dirigiria para o bairro onde mora, no Porto do Carro, quando aconteceu o incidente. A filha também mencionou que o socorro demorou para chegar.
– Quando tiraram minha mãe, ela já não estava conseguindo andar. As pernas estavam inchadas, cheia de dor, e o abdômen também doía. Por fim, estava apertando muito a barriga dela, e já estava com falta de ar – conta Helionai ao G1.
Além disso, a vítima informou a Helionai que o motorista não abriu a porta traseira devido a uma ordem da empresa.
A companhia Salineira expressou seu pesar em relação ao incidente e ressaltou que os condutores são capacitados e instruídos a permitir o acesso pela porta traseira, desde que seja informada uma impossibilidade de embarque convencional pelo passageiro.
Eles também comunicaram que deram assistência à Regina durante o incidente, no entanto, ela recusou ser levada ao hospital. A empresa destaca seu repúdio a qualquer tipo de constrangimento ou preconceito.
“A empresa informa que foi oferecido todo o suporte necessário para a cliente durante a dinâmica da ocorrência. Entretanto, a passageira não aceitou o encaminhamento ao hospital mais próximo. A Salineira reforça que repudia qualquer forma de constrangimento ou preconceito”, afirma a nota.
A roleta de ônibus
A falta de acessibilidade nos ônibus do Rio de Janeiro é vista por muitos como uma barreira ao exercício da cidadania, começando na roleta onde o desconforto é evidente. Com uma altura padrão de cerca de um metro e uma largura aproximada de 60 centímetros, as estruturas estreitas dificultam a passagem, especialmente para pessoas maiores ou com bagagem volumosa.
A roleta, que simultaneamente garante segurança e o pagamento da passagem, também se torna um obstáculo, apertando grávidas, desafiando idosos e prendendo aqueles que carregam mochilas. Essas limitações físicas no acesso aos ônibus, com roletas padronizadas em altura e largura, destacam o desconforto e o constrangimento dos passageiros, especialmente quando o veículo está lotado, desafiando leis simples de ocupação de espaço.
Este incidente coloca em pauta uma questão que precisa ser discutida para evitar novos riscos aos passageiros e assegurar o exercício do direito de ir e vir sem constrangimentos.