No Brasil de 2022, não devemos medir esforços para a mobilização das grandes massas. A conjuntura atual exige uma convergência política ampla, mas não devemos esquecer que nos orientamos pelo marxismo-leninismo.
Por Rosana Alves – de São Paulo
Entre as tarefas dos educadores comunistas está a da formação política para a luta revolucionária, conforme nos alerta José Claudinei Lombardi. Segundo o professor, originalmente, essa formação deve ocorrer no interior dos Partidos Comunistas. A princípio, soa simples tal tarefa, uma vez que: “é fácil ensinar para quem quer aprender”. É fato que as massas que ingressam no Partido Comunista portam questionamentos e enfrentamentos que os podem levar a uma melhor compreensão da realidade. No entanto, os indivíduos não são sujeitos abstratos, mas históricos, que se constituem como síntese das relações sociais. Estudar é tarefa árdua, a qual requer disciplina e dedicação, atos que, ao longo da história, foram apresentados ora como castigo ora como mérito, a depender da necessidade da classe hegemônica no poder. A sociedade capitalista, ao se ver obrigada a oferecer ensino a todos, criou, também, mecanismos para desvalorizar tal atividade. O ensino é ofertado de forma pragmática e aligeirada, o conhecimento instrumentalizado para a sua utilização prática, assim como o trabalho, grosso modo, passa a ser um instrumento de subsistência e não de emancipação do homem. Quando falamos em educação, pensamos na educação formal, sendo aquela que ocorre nas escolas, mas o que conhecemos como escola, já é uma instituição deteriorada nas suas formas, com disciplinas sem sentido e autoritária, na verdade é um instrumento disciplinador da classe trabalhadora.Tarefa de educar
Assim, aos nos debruçarmos sobre a tarefa de educar os comunistas, enfrentamos, mesmo que de forma inconsciente, resistências e vícios do “educando” que aprendeu que a escola e o ensino são um fardo (escola e conhecimento na sua forma alienada). Apesar de Lênin afirmar que sem teoria revolucionária não existe prática revolucionária, muitas vezes, nos deixamos ser conduzidos pelas práticas e necessidades imediatas dos movimentos em que atuamos, o que se constitui como erro fulcral dentro do Partido. Precisamos compreender que as diversas organizações de massas que surgem para enfrentar interesses imediatos são fundamentais na construção revolucionária, mas não são suficientes para liquidar a exploração capitalista. A nossa ação se faz fundante e necessitamos ser os mais experientes intelectuais orgânicos para conduzir as massas para o poder. Como afirma Gramsci, precisamos conceber a nossa educação como um processo de superação da visão de mundo que nos coloca como classe subalterna. Só faremos isso promovendo nossa elevação cultural, por um movimento de catarse. A disciplina e o estudo são os pontos-chave da resistência do Partido Comunista. No Brasil de 2022, não devemos medir esforços para a mobilização das grandes massas. A conjuntura atual exige uma convergência política ampla, mas não devemos esquecer que nos orientamos pelo marxismo-leninismo. Como bem evidencia Rogério Lustosa, “quem enxerga nossa disciplina como camisa de força é o pensamento pequeno burguês porque não consegue assimilar a ideologia marxista-leninista, porque não superaram a questão da classe em si para si”.Rosana Alves, é professora, historiadora e pedagoga. Atualmente coordenadora pedagógica na rede Municipal de Ensino de São Paulo. Mestranda no Programa Filosofia e História da Educação - Faculdade de Educação Unicamp. Membro da direção Municipal PCdoB Capital -SP.
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