Plano ainda precisa ser apresentado ao Congresso. Norte-americanos mantêm 34,5 mil militares no país europeu. Presença é um legado da Segunda Guerra Mundial.
Por Redação, com DW - de Washington/Berlim
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou um plano para organizar a retirada de 9,5 mil soldados norte-americanos que estão na Alemanha, um projeto que será apresentado "nas próximas semanas" ao Congresso e depois aos aliados da Otan, informou o Pentágono na terça-feira.
O secretário da Defesa, Mark Esper, e o chefe do Estado-Maior do Exército, Mark Milley, "divulgaram um plano na segunda-feira para remanejar 9,5 mil soldados para fora da Alemanha", informou o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.
Ao todo, os EUA mantêm aproximadamente 34.500 militares na Alemanha. Em outras ocasiões, o presidente norte-americano já havia dito que pretendia transferir algumas das tropas da Alemanha para a Polônia.
O porta-voz fez referência à redução de tropas solicitada em 15 de junho por Trump, que vem acusando a Alemanha de se beneficiar da presença militar norte-americana em seu território sem oferecer contrapartidas, como um aumento de seus gastos em defesa para um marca superior a 2% do PIB.
Nos últimos dois anos, porém, os dois países também tiveram desentendimentos em algumas questões espinhosas, como o acordo nuclear com o Irã e o apoio de Berlim à construção de um gasoduto russo.
– A proposta que foi aprovada não apenas responde às diretrizes do presidente, mas também acentua a dissuasão em relação à Rússia, fortalece a Otan, assegura os aliados, melhora a flexibilidade estratégica dos Estados Unidos e do comando operacional do Exército norte-americano na Europa, sempre cuidando de nossos soldados e de suas famílias – acrescentou o porta-voz do Pentágono.
As autoridades do Pentágono "reportarão às Comissões de Defesa de ambas as casas do Congresso nas próximas semanas e depois consultarão seus aliados sobre como proceder", acrescentou.
A presença militar dos EUA
A Alemanha abriga mais soldados norte-americanos do que qualquer outro país europeu. A presença militar dos EUA no território alemão é um legado da ocupação pelos aliados após a Segunda Guerra Mundial.
Apesar da diminuição da presença militar norte-americana na Europa desde o fim da Guerra Fria, em 1962, os EUA tinham 274.119 soldados estacionados no país –, a Alemanha permanece como um centro estratégico para as forças norte-americanas. Além de servirem como uma barreira para a influência da Rússia, as Forças Armadas dos EUA utilizam as bases em solo alemão para coordenar ações militares na Europa, África e Oriente Médio.
A base norte-americana em Stuttgart é usada para as missões na Europa e na África, enquanto a de Ramstein tem papel fundamental no envio de soldados e equipamentos para o Iraque e o Afeganistão. O hospital militar norte-americano em Landstuhl, próximo a Ramstein, é o maior desse tipo fora dos Estados Unidos.
Os planos norte-americanos
Os planos norte-americanos de retirada de parte significativa de suas tropas vêm sendo criticados ou encarados com preocupação pelo meio político alemão. No início de junho, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, ressaltou que a Alemanha "valoriza a cooperação com as forças norte-americanas, que vem aumentando há décadas", e acrescentou que essa colaboração "é do interesse de ambos os países".
Outras autoridades do governo alemão foram mais diretas ao criticar o plano norte-americano de reduzir a presença militar no país. Peter Bayer, coordenador de relações transatlânticas da chanceler federal Angela Merkel, avaliou que, se a medida se concretizar, poderá afetar gravemente as relações bilaterais.
Já o deputado Johann Wadephul, da União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel, criticou os EUA pela medida unilateral e disse que isso deve servir de alerta para que os europeus assumam mais responsabilidades em relação a sua própria defesa. Segundo ele, somente a China e a Rússia se beneficiariam de um desentendimento entre os aliados da Otan.