O estudo, realizado por meio da plataforma Data Lawyer, aponta que existem ao menos 2.331 processos ativos contra a Americanas na Justiça do Trabalho.
Por Redação - de São Paulo
A varejista Americanas incluiu em seu pedido de recuperação judicial dívidas trabalhistas, imprescritíveis, que somam R$ 119,6 milhões a serem pagos à classe 1, que engloba 321 trabalhadores e entidades. Mas o valor final chega a ser 138% inferior ao valor total das causas, que chega a R$ 284 milhões, segundo levantamento promovido pela mídia conservadora.
O estudo, realizado por meio da plataforma Data Lawyer, aponta que existem ao menos 2.331 processos ativos contra a Americanas na Justiça do Trabalho. Em janeiro, oito sindicatos ingressaram de forma conjunta com uma ação em que pediam o bloqueio R$ 1,53 bilhão do patrimônio dos três maiores acionistas da Americanas, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. A Justiça, porém, negou a liminar e as entidades estão recorrendo da decisão.
A empresa, em resposta aos questionamentos de repórteres, informou apenas quais são os credores que constam do pedido de recuperação judicial. De acordo com a empresa, são ‘650 credores na classe 4 que somam um total de R$ 72,8 milhões. A classe 1 concentra dívidas com verbas trabalhistas e equivalentes, como as de profissionais liberais, e reúne um total de R$ 119,6 milhões”.
Redução
A Americanas também vem reduzindo seus espaços alugados e já vinha devolvendo imóveis destinados à armazenagem antes mesmo do pedido de recuperação judicial feito pela varejista no dia 19 de janeiro. E essa prática continuou no início deste ano. A empresa fechou um centro de distribuição em Fortaleza (CE). Agora, a operação da varejista no Ceará terá como base o centro de distribuição em Recife (PE).
O enxugamento e a devolução de áreas de armazenagem preocupa as empresas gestoras de condomínios de galpões logísticos, especialmente os localizados em regiões nas quais a taxa de vacância já é alta ou onde a varejista tem grande participação na ocupação dos armazéns. Nestes casos, a devolução dos espaços pode ter impacto no valor dos aluguéis.
Um levantamento nacional feito pela SDS Properties, imobiliária especializada em galpões em condomínios logísticos, mostra que no ano passado a companhia chegou a ocupar 830 mil metros quadrados (m²) em condomínios logísticos espalhados pelo país. Desse total, a Americanas devolveu quase 20%. Foram desocupados 159 mil m², espalhados entre Betim (MG), Resende (RJ), Cajamar (SP) e Ribeirão Preto (SP).
Devoluções
Para este ano, segundo os administradores da companhia em estado pré-falimentar, serão devolvidos mais 69 mil m² distribuídos em condomínios logísticos localizados na Grande Curitiba (PR), Grande Porto Alegre (RS) e Hortolândia (SP).
— As devoluções podem afetar pontualmente os preços em mercados onde a vacância é elevada — disse Simone Santos, CEO da imobiliária e responsável pelo levantamento, ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo.
Entre as devoluções feitas até o momento, ela aponta esse risco para Porto Alegre (RS), onde a vacância chega a quase 17%. A localidade tem taxa de desocupação bem acima da média nacional, que é de 10,4%, segundo analistas.