Um dos reflexos da devastação, no mundo, tem sido observado no aumento dos incêndios florestais, tanto na América do Norte quanto no subcontinente latino. Na Argentina, bombeiros exaustos batalham há semanas contra o fogo no norte do país.
Por Redação, com agências internacionais - de São Paulo
Ao redor do mundo, desde a Floresta Amazônica até o noroeste da Birmânia, na Ásia, as motosserras trabalham de forma incansável. No bioma amazônico, a devastação segue em seu quarto ano de alta, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), e atinge patamares impensáveis para os conservacionistas.
O mesmo ocorre no Parque Nacional Alaungdaw Kathapa, no noroeste da Birmânia. “Esses animais vorazes engolem uma árvore em quinze minutos. De manhã, os guardas só podem ver os danos. A floresta está perdendo terreno em todo o país: 4 milhões de hectares de cobertura florestal desapareceram entre 2001 e 2020, o tamanho da Suíça, segundo dados do Global Forest Watch”, relata o diário francês Libération.
“As florestas birmanesas estão repletas de espécies preciosas cobiçadas pelos madeireiros, principalmente a teca (Tectona grandis), uma madeira robusta, resistente à água e aos parasitas, que já foi arrancada no século 19 nos estaleiros da Birmânia. Atualmente é exportado para China, Índia, Estados Unidos e Europa, valorizado pela indústria náutica. "Um iate de luxo sem teca birmanesa é como uma socialite sem champanhe, é impossível", assegura um player do setor da madeira, que gera cerca de 100 milhões de dólares em impostos por ano (91 milhões de euros) e mais de 300 milhões de dólares em receitas na Birmânia , de acordo com a Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativas (EITI)”, acrescenta.
Incêndios
Um dos reflexos da devastação, no mundo, tem sido observado no aumento dos incêndios florestais, tanto na América do Norte quanto no subcontinente latino. Na Argentina, bombeiros exaustos batalham há semanas contra o fogo no norte do país. Alimentados por ventos fortes, pouca chuva e baixa umidade decorrente de uma seca excepcionalmente longa, os incêndios florestais já destruíram quase 8 mil quilômetros quadrados de floresta, pântano e terras agrícolas – uma área equivalente a cinco cidades de São Paulo.
— Isso nunca aconteceu conosco, nunca vivemos algo assim, fomos realmente vencidos — afirmou o morador Jorge Ayala à agência norte-americana de notícias AP neste fim de semana. E a expectativa é que desastres como esses se tornem mais constantes e destrutivos, nos próximos anos e décadas.
Incêndios extremos – mais frequentes, intensos e cada vez mais localizados em áreas atípicas, como o Ártico – devem aumentar até 14% até 2030 e 30% até meados do século, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e do centro ambientalista sem fins lucrativos GRID-Arendal, da Noruega.
Relatório
A probabilidade de incêndios pode aumentar até 50% maior, até 2100. Mesmo se o mundo conseguir reduzir significativamente as emissões, provavelmente haverá um aumento dos incêndios florestais, afirma o relatório.
Pesquisadores têm cada vez mais relacionado esses desastres às mudanças climáticas causadas pela humanidade, um fato ressaltado pelo relatório, que liga a crescente gravidade dos incêndios a uma maior incidência de secas, temperaturas crescentes e fortes ventos.
"Ao mesmo tempo, a mudança climática é agravada pelos incêndios florestais, principalmente pela devastação de ecossistemas sensíveis e ricos em carbono, como turfeiras e florestas tropicais”, resumem os autores do relatório.