Israel está encerrando o ano com novos ataques no centro e no sul de Gaza, desencadeando um novo êxodo de pessoas já expulsas de outras áreas, no que o ministro da Defesa, Yoav Gallant, chamou de um estágio essencial da missão de destruir o Hamas.
Por Redação, com Reuters - de Gaza
Dezenas de milhares de habitantes de Gaza recém-deslocados se amontoaram sob lonas, nesta sexta-feira, no centro do enclave, depois de fugirem da mais recente ofensiva dos tanques israelenses, enquanto aviões de guerra atacavam o sul, destruindo casas e enterrando famílias enquanto dormiam.
Israel está encerrando o ano com novos ataques no centro e no sul de Gaza, desencadeando um novo êxodo de pessoas já expulsas de outras áreas, no que o ministro da Defesa, Yoav Gallant, chamou de um estágio essencial da missão de destruir o Hamas.
No sul da Faixa de Gaza, em Rafah, jornalistas da Reuters que estavam no local de um ataque aéreo que destruiu uma casa viram a cabeça de uma criança nos escombros. A criança gritava enquanto um socorrista protegia sua cabeça com uma das mãos, enquanto outra pessoa usava uma marreta e um cinzel, tentando quebrar uma laje de concreto para libertá-la.
O vizinho Sanad Abu Tabet disse que a casa de dois andares estava lotada de pessoas desabrigadas. Ao amanhecer, parentes foram buscar os mortos embrulhados em panos brancos. Um homem desembrulhou parcialmente um deles, para acariciar o rosto de uma criança morta.
Milhares de habitantes de Gaza
Dezenas de milhares de habitantes de Gaza estão fugindo dos distritos centrais lotados de Bureij, Maghazi e Nusseirat, ordenados pelas forças israelenses, cujos tanques avançavam pelo norte e pelo leste. A maioria se dirigiu para o sul ou para o oeste, para a já sobrecarregada cidade de Deir al-Balah, montando barracas improvisadas feitas de plástico em qualquer terreno aberto que pudessem encontrar.
– Sofremos muito. Passamos a noite inteira sem abrigo, debaixo de chuva e frio, estávamos com nossos filhos e mulheres idosas – disse Um Hamdi, cozinhando mingau em uma panela sobre uma fogueira aberta, cercado por crianças.
Perto dali, Abdel Nasser Awadallah, de barba grisalha, estava dentro de uma estrutura de madeira e falou sobre a família que havia perdido.
– Enterrei meus filhos, uma criança de 16 anos e outra de 18. Algo que eu realmente não consigo acreditar, enterrei meus filhos às 6h da manhã enquanto seus corpos ainda estavam quentes. Também enterrei meu sobrinho, que tinha 2 anos, e minha esposa – disse ele.
– Nunca pensei em minha vida que enterraria meus filhos, pensei que eles me enterrariam.
Doze semanas depois que os militantes do Hamas invadiram cidades israelenses, matando 1,2 mil pessoas e fazendo 240 reféns, as forças israelenses devastaram grande parte da Faixa de Gaza. Quase todos os seus 2,3 milhões de habitantes foram expulsos de suas casas pelo menos uma vez, e muitos agora estão fugindo pela terceira ou quarta vez.
Autoridades de saúde de Gaza afirmam que mais de 21 mil pessoas foram confirmadas como mortas, cerca de 1% da população do enclave, e teme-se que outros milhares de corpos não tenham sido encontrados nas ruínas. As Nações Unidas dizem que muitos outros milhares podem morrer devido à grave escassez de alimentos, medicamentos, água potável e abrigo adequado.
Israel diz que está fazendo o possível para proteger os civis e culpa os combatentes do Hamas pelos danos causados, por operarem entre eles, o que o Hamas nega.