Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Desigualdade salarial ainda é alta entre homens e mulheres

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Quarta, 06 de Março de 2024 às 06:39, por: CdB

De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última década, houve uma redução na diferença entre os salários pagos às mulheres e aos homens. O índice que mede a paridade salarial passou de 72 em 2013 para 78,7, em 2023.

Por Priscila Lobregatte – de Brasília

Com a aproximação do 8 de Março, vem à tona uma série de questões que rondam o dia a dia das mulheres, principalmente no que diz respeito ao machismo, às desigualdades e à violência sofrida pela fatia feminina da sociedade. Um destes pontos é a disparidade que marca, ainda, o salário pago a mulheres e homens. 

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Índice que mede a paridade salarial passou de 72 em 2013 para 78,7, em 2023; participação feminina em cargos de liderança saiu de 35,7% para 39,1%

De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última década, houve uma redução na diferença entre os salários pagos às mulheres e aos homens. O índice que mede a paridade salarial passou de 72 em 2013 para 78,7, em 2023. A medição foi feita com base em microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Considerando que a paridade de gênero, neste caso, é medida em uma escala de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior a equidade entre mulheres e homens, é possível perceber que a luta das mulheres conquistou avanços importantes no mercado de trabalho, mas ainda falta muito para que se atinja uma igualdade real para todas as brasileiras.

Ainda segundo a pesquisa Mulheres no Mercado de Trabalho, a participação feminina em cargos de liderança passou de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023. E o índice de empregabilidade das mulheres apresentou evolução entre 2013 e 2023, passando de 62,6 para 66,6, respectivamente, crescimento de 6,4%.

Pegando o próprio caso do setor industrial, ainda conforme dados da CNI, a força de trabalho é majoritariamente masculina, com 75,1%, contra 24,9% de mulheres. Mas, de acordo com a Confederação, a participação das mulheres em cargos de liderança tem crescido no setor, saindo de 24% em 2008 para 31,8% . 

Além disso, 77% das empresas do segmento dizem ter política de paridade salarial e, para 43% dos mil executivos industriais entrevistados, dos quais 40% são mulheres, esse tipo de política é o instrumento mais importante para garantir igualdade. 

Mecanismos que fomentem a ocupação de mulheres em cargos de chefia também foram citados por 26% dos entrevistados, assim como a proibição de discriminação com base em gênero e qualificação voltada para desenvolvimento profissional de mulheres, que aparecem com 25% das respostas cada.

Segundo Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, “vemos que a participação das mulheres está crescendo na indústria devido a ações de igualdade adotadas há mais de uma década. Mas, é necessário ampliar o debate e implementar medidas concretas para chegarmos a um cenário de igualdade plena”. 

Paridade

De acordo com o IBGE, as mulheres recebem salário 22% menor em comparação com os homens, ou seja, uma trabalhadora brasileira recebe, em média, 78% daquilo que recebe um trabalhador. 

Para enfrentar essa situação, em julho do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre homens e mulheres quando exercerem trabalho equivalente ou a mesma função, uma bandeira histórica das feministas. 

Além disso, o governo lançou, na segunda-feira, um conjunto de metas contidas no Plano Plurianual 2024-2027 voltados para a busca pela igualdade de gênero. Entre esses objetivos está o de reduzir em 10% a disparidade da renda média do trabalho.

Para Eremi Melo, metalúrgica e secretária de Formação e Cultura da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), “trata-se de uma lei bastante importante porque a nossa luta vem de muitos anos. Agora, o problema é a questão da implementação”. 

Mesmo com os avanços apontados pela pesquisa, ela pondera que o desafio é fazer garantir o cumprimento das normas em nível nacional e em todos os setores. “Para implementá-la de fato, a gente vai precisar fiscalizar e as empresas têm de ser transparentes com os dados disponibilizados porque a gente sabe que há muitas trabalhadoras exercendo a mesma função e, no entanto, ganhando menos”. 

A dirigente lembra que quando havia o imposto sindical, “a gente sabia qual era o valor do salário de cada trabalhador, porque as empresas tinham que divulgar e passar os valores para os sindicatos”.

Neste sentido, diz, “a CTB está dialogando com os sindicatos de base para tratar a questão dos acordos e incluir essa questão. Nosso objetivo é garantir que a lei saia do papel e entre para a vida de fato, de maneira que as trabalhadoras possam fazer valer seu direito à igualdade”. 

Com agências.

 

Priscila Lobregatte, é jornalista.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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