Na véspera, o Copom afirmou, em comunicado, que a conjuntura ainda demanda “paciência e serenidade” e que o estágio da desinflação requer “cautela e parcimônia”. Para o BC, a estratégia de manutenção da taxa básica por período prolongado “tem se mostrado adequada”.
Por Redação, com Bloomberg - de São Paulo
O Ibovespa operava em queda de 1,71%, negociado aos 118.360 pontos às 10h28 desta quinta-feira, um dia depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manter a taxa de juros em 13,75% ao ano, sem sinalizar um futuro corte em agosto. O dólar, por sua vez, subia 0,16%, a R$ 4,77 pela manhã.
Na véspera, o Copom afirmou, em comunicado, que a conjuntura ainda demanda “paciência e serenidade” e que o estágio da desinflação requer “cautela e parcimônia”. Para o BC, a estratégia de manutenção da taxa básica por período prolongado “tem se mostrado adequada”.
O Banco retirou do comunicado a frase que citava a possibilidade de uma retomada do aperto e passou a dizer que os passos futuros da política monetária estarão relacionados à evolução da inflação e das expectativas, em particular as de longo prazo, além de variáveis como hiato do produto e balanço de riscos. Mesmo assim, não deu sinais de que um corte pode acontecer em um futuro próximo, conforme a previsão de alguns analistas.
Liquidez
No setor corporativo, o Grupo Casino, gigante francês dono do Pão de Açúcar no Brasil, anunciou nesta manhã aos acionistas que pretende vender sua fatia remanescente de 11,7% no Assaí Atacadista, de forma a reforçar a liquidez da companhia. A participação corresponde a 157.582.850 ações, segundo o documento, e deverá movimentar cerca de R$ 2 bilhões.
O mercado já vinha especulando a saída do grupo francês da empresa no Brasil, diante de suas dificuldades financeiras. A venda será feita por meio de um processo de bookbuilding acelerado, executado pela B3. Na avaliação da Ativa Investimentos, a operação reforçará o caixa do Casino e trará um momentâneo alívio financeiro.
Já para o Assaí, o time de análise vê a venda como positiva, uma vez que, sem a presença do grupo francês em sua composição acionária, “ganhará maior confiabilidade em sua governança perante o mercado”. Além disso, os analistas veem o controlador brasileiro ganhando maior autonomia para conduzir as operações do Assaí.
Grupo em Crise
Amplamente endividado, o Casino tem tido dificuldades com suas operações na França, onde está queimando dinheiro. No ano passado, a empresa teve uma redução média de 1,23 bilhão de euros, dos 2,1 bilhões disponíveis. Em 31 de março, a companhia informou que possuía uma dívida líquida consolidada de 5,1 bilhões de euros.
O Casino e o CEO Jean-Charles Naouri vêm lutando há anos para sanear o balanço patrimonial do grupo, até que recentemente concordaram em entrar em negociações com os credores sob supervisão judicial. No final de 2015, quando o Casino ainda tinha uma classificação de crédito de grau de investimento, sua enorme pilha de dívidas já havia colocado a empresa na mira dos vendedores a descoberto, que visavam suas ações.
Credores
Desde 2018, a varejista vem se desfazendo de ativos para quitar dívidas e reduzir a alavancagem. Esses esforços não foram suficientes, deixando o grupo supermercadista com mais de 7 bilhões de euros em dívidas.
Enquanto isso, a cascata de empresas por meio das quais Naouri controla o Casino - incluindo a Rallye - entrou em processo de proteção ao credor conhecido como sauvegarde na França em 2019 para reestruturar sua dívida.
A capacidade da Rallye de cumprir seus pagamentos sob o plano sauvegarde quando eles começarem a vencer em 2025 dependerá de receber dividendos do Casino. A Rallye está atualmente em negociações com os credores para revisar esse plano enquanto o Casino negocia sua própria reestruturação
Futuros
Nos Estados Unidos, os juros também continuam a preocupar. Isso porque o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse ao Congresso norte-americano que o banco não terminou de aumentar as taxas de juros e que mais duas altas devem ser realizadas até o fim do ano.
Nos EUA, os índices futuros recuavam: o S&P 500 tinha baixa de 0,31%, enquanto o Nasdaq 100 tinha perdas de 0,41% e o Dow Jones caía 0,29%, próximo ao fechamento.