No mesmo período do ano passado, o déficit primário chegou a R$ 81,071 bilhões. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, naquele momento; além dos elevados gastos extraordinários com a pandemia, o impacto das restrições na economia também era maior.
Por Redação - de Brasília
As contas públicas brasileiras registraram saldo negativo em julho, segundo relatório do Banco Central (BC), divulgado nesta terça-feira. O setor público consolidado, formado por União, Estados e municípios, apresentou déficit primário de R$ 10,283 bilhões no mês passado.
No mesmo período do ano passado, o déficit primário chegou a R$ 81,071 bilhões. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, naquele momento; além dos elevados gastos extraordinários com a pandemia, o impacto das restrições na economia também era maior.
— A realidade hoje é outra em termos de atividade econômica e em termos de medidas fiscais, então temos uma redução significativa de R$ 70,8 bilhões no déficit — disse Rocha, a jornalistas.
Nos últimos 12 meses, encerrados em julho, as contas acumulam déficit primário de R$ 234,668 bilhões, o que corresponde a 2,89% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). A redução também foi significativa se comparado aos 12 meses encerrados em julho de 2020, quando o déficit acumulado foi de R$ 703 bilhões ou 9,4% do PIB.
Precatórios
Houve redução do déficit de julho em relação ao mês anterior, quando foi registrado resultado negativo de R$ 65,508 bilhões devido a dois fatores pontuais: o aumento de despesas com precatórios e a antecipação do 13º salário dos aposentados. O déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passou de R$ 55,141 bilhões em junho para R$ 36,234 bilhões em julho. Além disso, em junho, houve aumento de R$ 16 bilhões na média mensal de gastos do governo federal com despesas judiciais e precatórios.
O déficit primário representa o resultado negativo das contas do setor público (despesas menos receitas) desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. No ano, de janeiro a julho, há déficit de R$ 15,491 bilhões, ante resultado negativo de R$ 483,773 no mesmo período do ano passado.
A meta para as contas públicas deste ano, definida no Orçamento Geral da União, é de déficit primário de R$ 251,1 bilhões para o setor público consolidado. Em 2020, as contas públicas fecharam o ano com déficit primário recorde de R$ 702,950 bilhões, 9,49% do PIB. Foi o sétimo ano consecutivo de resultados negativos nas contas do setor público.
Juros
Os gastos com juros, por sua vez, ficaram em R$ 45,119 bilhões em julho, contra R$ 10,086 bilhões no mês anterior e R$ 5,838 bilhões em julho de 2020. O resultado é o maior da série histórica desde julho de 2015, quando chegaram a R$ 68,2 bilhões.
De acordo com Rocha, essa despesa tende a ser estável, mas os resultados das operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que é a venda de dólares no mercado futuro) contribuíram para a piora do resultado no mês. Os resultados dessas operações são transferidos para o pagamento dos juros da dívida pública, como receita, quando há ganhos, e como despesa, quando há perdas.
Em julho deste ano, as perdas com swap foram de R$ 8,9 bilhões. Já no mês anterior, houve ganhos de R$ 21,7 bilhões, e em junho de 2020 ganhos de R$ 16,3 bilhões com swap.