Partido de centro-direita obtém vitória apertada, frustrando reeleição da primeira-ministra, cuja sigla ficou em terceiro lugar, sendo superada também por populistas de direita.
Por Redação, com DW - de Bruxelas
O partido de centro-direita Coalizão Nacional (NCP) foi o vitorioso nas eleições parlamentares de domingo na Finlândia, frustrando as esperanças de reeleição da primeira-ministra, Sanna Marin.
Segundo a apuração preliminar dos votos, o NCP obteve 48 (20,8%) dos 200 assentos disponíveis no Eduskunta, o parlamento finlandês. Ele foi seguido pelo partido populista de direita Os Finlandeses, com 46 cadeiras (20,1%), e pelo Partido Social Democrata (SDP), partido de Marin, com 43 (19,9%).
Ao total, mais de 2,4 mil candidatos de 22 partidos disputaram as eleições parlamentares. O resultado apertado, contudo, impede a formação do governo por uma única legenda, já que para obter a maioria, o vencedor provavelmente precisará do apoio de um dos outros grandes partidos, bem como de pelo menos um dos menores.
– Com base neste resultado, as negociações sobre a formação de um novo governo para a Finlândia serão iniciadas sob a liderança do Partido da Coalizão Nacional – disse o líder da legenda, Petteri Orpo, ao reivindicar a vitória, cercado por apoiadores reunidos em um restaurante na capital, Helsinque.
Garantia de apoio à Ucrânia
Orpo, de 53 anos, ex-ministro das Finanças da Finlândia e provável novo primeiro-ministro, garantiu que a solidariedade do país nórdico com Kiev permanecerá forte durante seu mandato.
– Primeiro para a Ucrânia: estamos do lado de vocês lado, com vocês – disse Orpo à agência de notícias Associated Press no evento que celebrou a vitória do NCP. "Não podemos aceitar essa guerra terrível. E faremos tudo o que for necessário para ajudar a Ucrânia, o povo ucraniano, porque eles lutam por nós. Isso está claro."
Orpo também mandou uma mensagem para o presidente russo,Vladimir Putin: "Saia da Ucrânia, porque você vai perder".
Na semana passada, a Finlândia, que compartilha uma longa fronteira com a Rússia, superou os últimos obstáculos para se tornar um membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) quando Turquia e Hungria, membros da aliança, enfim aceitaram assinar a proposta de adesão do país.
Críticas a Marin
A política econômica conduzida pelos social-democratas foi o tema principal da campanha, com a Coalizão Nacional atacando o governo de Marin pelo que considera um "aumento irresponsável" da dívida pública. Sob a liderança de Marin, a relação entre dívida e PIB da Finlândia aumentou de 64% em 2019 para 73%.
Marin, de 37 anos, tornou-se a primeira-ministra mais jovem do mundo ao assumir o cargo em 2019. Desde então, ela liderou uma coalizão de centro-esquerda composta por cinco partidos, conquistando grande popularidade no país e no exterior, sobretudo por seu apoio expresso à Ucrânia e também por seu papel proeminente na defesa da candidatura bem-sucedida da Finlândia para ingressar na Otan.
Um novo governo de centro-direita com tons nacionalistas
Analistas avaliam que o resultado aponta para uma mudança de poder no cenário político da Finlândia, pois o país provavelmente terá um novo governo de centro-direita com tons nacionalistas.
O NCP já sinalizou inclusive estar aberto à cooperação com o partido populista de direita Os Finlandeses, já que ambos têm a mesma visão sobre o desenvolvimento da economia, ainda que haja diferenças nas políticas climáticas e nas questões da UE.
As negociações para a formação do novo governo devem começar nos próximos dias.