O evento promoveu o diálogo com a comunidade e a valorização da cultura favelada. O coordenador e fundador do Raízes em Movimento, Alan Brum, conta que a retomada da atividade marca o início de uma agenda de ações para 2024.
Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro
A 16ª edição do “Circulando – Diálogo e Comunicação na Favela” aconteceu no último sábado, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, depois de três anos de hiato por conta da pandemia. A ação, que é promovida pelo Instituto Raízes em Movimento, levou centenas de pessoas para a rua principal da comunidade para conferir e participar de atividades como exposição fotográfica, roda cultural de MCs, debates, graffiti, oficina de lambe, e outros.
O evento promoveu o diálogo com a comunidade e a valorização da cultura favelada. O coordenador e fundador do Raízes em Movimento, Alan Brum, conta que a retomada da atividade marca o início de uma agenda de ações para 2024.
– Neste evento, a gente traz todas as experiências que viveu no ano, e as articulações com diversos parceiros da cidade e outras organizações sociais de favela, de outros lugares, de todo o Complexo do Alemão, além da parceria com universidades e institutos, então esse momento é fundamental – diz Brum
Marilene dos Santos, de 61 anos, se intitula como criadora de artesanato. Ela nasceu e cresceu no Complexo do Alemão e acredita que o “Circulando” mostra que a favela não é só violência.
– Eu participei de um curso de fotografia para mulheres e hoje estou aqui expondo, isso é muito importante porque nos sentimos mais empoderadas – conta Marilene.
Ao longo da atividade, uma mesa de alimentos foi montada para os participantes. Ana Santos, que trabalha com agroecologia na Serra da Misericórdia, foi a responsável pelas comidas saudáveis.
– É muito bom retomar esse local com uma alimentação saudável, com as produções do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), trazendo diversidade na mesa, mas também inclusão, onde a gente resgata as comidas das nossas avós como cuscuz, cozido, pensando que comida de verdade no campo e na cidade é um direito de todos, e principalmente é um direito na favela – afirma.
A vereadora Mônica Cunha (Psol) também participou da ação. Ela conta que não perde nenhuma edição do “Circulando” porque o evento "mostra o que de verdade a favela faz”.
– Nós mostramos o Alemão, nos aproximamos das pessoas e dizemos que favela é cidade, que favelado é ser humano e a gente quer viver, a gente não quer só sobreviver – finaliza a parlamentar.
Complexo do Alemão
Durante a ação, também ocorreu o lançamento do Acervo Memórias Faveladas, portal digital em parceria com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), com mais de mil documentos históricos sobre o Complexo do Alemão.
Além da divulgação do portal, houve também a apresentação dos resultados parciais do Projeto Conhecer e Desenvolver, financiado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), que está promovendo uma ação-piloto na Travessa Laurinda, no Morro do Alemão, para construir um diagnóstico propositivo para melhorias urbanas, socioambientais e climáticas na área, através da articulação e participação ativa da população local.