Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Com a mão no Oscar de Melhor Atriz, Yeoh se consolida no estrelato

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Domingo, 12 de Março de 2023 às 11:52, por: CdB

Na falta de uma descrição melhor, a atriz malaia Michelle Yeoh é, de fato, Tudo em todo lugar ao mesmo tempo. Oriental, mulher, sexagenária, ela tem feito manchetes por sua atuação no filme que leva esse título, escrito e dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert (conhecidos como "os Daniels") e concorrente a vários Oscars.


Por Redação, com agências internacionais - de Hollywood (CA-EUA)

Aos 60 anos, nascida na Malásia, a atriz Michelle Yeoh concorre ao Oscar com ‘Tudo em todo lugar ao mesmo tempo’. Um caminho árduo, passando por concurso de miss e filmes de artes marciais. Mas para Yeoh essa luta é maior do que ela mesma.

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O papel de Evelyn Wang já a consagrou como primeira atriz de origem asiática a obter um prêmio do Screen Actors Guild (SAG Awards)


Na falta de uma descrição melhor, a atriz malaia Michelle Yeoh é, de fato, Tudo em todo lugar ao mesmo tempo. Oriental, mulher, sexagenária, ela tem feito manchetes por sua atuação no filme que leva esse título, escrito e dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert (conhecidos como "os Daniels") e concorrente a vários Oscars.

O papel de Evelyn Wang já a consagrou como primeira atriz de origem asiática a obter um prêmio do Screen Actors Guild (SAG Awards), e segunda a vencer o Globo de Ouro. O fato de ela ter sido preterida nos British Academy Film Awards (Bafta), em fevereiro, gerou descontentamento generalizado, com diversos fãs afirmando que o troféu lhe fora “roubado".

Modelo


Agora ela é a primeira profissional autoidentificada como oriental a ser nomeada para o Oscar de Melhor Atriz. Em 2023, a cerimônia de entrega da Academia de Hollywood se inicia às 17h (hora local) deste domingo, no Dolby Theatre de Los Angeles.

Essa cadeia de sucessos transformou Yeoh, cumulativamente, num modelo a ser seguido para pessoas de cor, asiáticas e mulheres, sobretudo "de uma certa idade". Em Tudo em todo lugar ao mesmo tempo, ela representa uma esposa e mãe imigrante estressada, enfrentando a auditoria da lavanderia da família pelo órgão da receita federal dos Estados Unidos, o IRS.

A história toma um rumo surreal quando Wang descobre que há versões múltiplas do universo – e dela mesma –, todas enfrentando uma ameaça que só seu presente avatar pode deter. Assim, passa a surfar em realidades paralelas, absorvendo as aptidões que suas diferentes versões possuem.

Estereótipos


Além de exibir as credenciais adquiridas por Yeoh em quase 40 anos de carreira, o sucesso do filme reflete sua própria tenacidade num setor que confina os atores não brancos a estereótipos cansados.

Michelle Yeoh nunca almejou ser atriz. Nascida na Malásia em 1962, preparou-se para uma carreira de bailarina, chegando a matricular-se na Royal Academy of Dance de Londres. Até que uma lesão na espinha dorsal deu fim a suas ambições.

Em 1983, sem lhe comunicar, a mãe, Janet, inscreveu-a no concurso de Miss Malásia-Miss Mundo. Ela acabou vencendo, o que logo lhe resultou em diversos contratos para comerciais em Hong Kong. O primeiro foi para os relógios Guy Laroche, ao lado de ninguém menos do que o astro das artes marciais Jackie Chan.

Ferrari


Seguiram-se ofertas para o cinema, e nos anos 80 Yeoh participou de diversas produções de ação e artes marciais de Hong Kong, nas quais atuou sem dublês. Em 1987, casou-se com o empresário Dickson Poon, cofundador da D&B Films, e suspendeu a carreira de atriz. No entanto, a retomou em 1992, após a separação. Seu atual marido é o ex-diretor executivo da Ferrari Jean Todt.

Numa época anterior à promoção da "diversidade e representação", o estúdio D&B Films a convenceu a adotar "Michelle Khan" como nome artístico, por achar que repercutiria melhor com o público internacional e ocidental. Só mais tarde a atriz assumiria seu sobrenome real.

Yeoh chegou a Hollywood em 1997, ao ser escolhida para o filme de James Bond O amanhã nunca morre, ao lado de Pierce Brosnan, como primeira ‘Bond girl’ etnicamente chinesa. Em 2010 a revista Entertainment Weekly a classificou como a sétima melhor na categoria, pontificando que essa "agente chinesa tecnologicamente esperta" seria uma das poucas "mulheres de cor capazes de competir em inteligência com 007", e "a primeira que dá para levar a sério”.

Estereótipos


Ainda assim, passaram-se dois anos até ela voltar a trabalhar em Hollywood, que continuava só lhe oferecendo papéis de "mulheres orientais frágeis". Numa entrevista em 2018 para a revista masculina GQ, recordaria:

— Quando vim pela primeira vez para fazer filmes aqui, lembro bem especificamente alguém dizendo: 'Se selecionarmos uma protagonista afro-americana, não vai ter como contratar você, pois a gente não pode ter duas minorias.

Numa entrevista à revista norte-americana Time, que a escolheu como Ícone do Ano 2022, ela constata que há muito os atores orientais ficam relegados a papéis estereotipados e irrelevantes, raramente principais:

— A questão não deveria ser a minha raça, mas tem sido uma batalha. Pelo menos, me deixem tentar.

Artes marciais


Em 2000, então, veio ‘O Tigre e o Dragão’, de Ang Lee, colocando em evidência o treinamento dela nas artes marciais. Yeoh representou ainda a majestosa Mameha em Memórias de uma gueixa (2005), e encarnou com perfeição a prêmio Nobel da Paz birmanesa Aung San Suu Kyi em ‘Além da liberdade’ (2011). Seus sucessos mais recentes incluem ‘Podres de ricos’ (2018); além de participações nas séries Marvel, ‘Star Trek’, ‘Transformers’ e ‘The Witcher’.

No entanto, os papéis de protagonista continuavam lhe sendo negados – até 2022, com ‘Tudo em todo lugar ao mesmo tempo’. Numa entrevista ao canal norte-americano de TV CNN, em 6 de fevereiro, ela contou que originalmente a personagem era destinada a Jackie Chan, cuja esposa ela representaria.

Depois que o astro de Hong Kong declinou, porém, os Daniels inverteram a história, transformando-a na protagonista.

— Foi tão emocionante, àquela altura, receber um roteiro que dizia: 'É uma mulher bem comum, uma imigrante oriental lidando com os problemas com que todos nós podemos nos identificar — concluiu.

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