Rio de Janeiro, 10 de Abril de 2025

Cidades 'mistas' de Israel vivem tensão apesar de trégua

As principais ruas de Jaffa estão estranhamente silenciosas, algo incomum para um sábado na cidade mista de população árabe-judaica, oficialmente parte integral de Tel Aviv desde outubro de 1949.

Terça, 25 de Maio de 2021 às 10:38, por: CdB

As principais ruas de Jaffa estão estranhamente silenciosas, algo incomum para um sábado na cidade mista de população árabe-judaica, oficialmente parte integral de Tel Aviv desde outubro de 1949.

Por Redação, com DW - de Jerusalém As principais ruas de Jaffa estão estranhamente silenciosas, algo incomum para um sábado na cidade mista de população árabe-judaica, oficialmente parte integral de Tel Aviv desde outubro de 1949.
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Nas cidades mistas de Israel, judeus e árabes convivem lado a lado por décadas
Passaram-se menos de dois dias desde que entrou em vigor um cessar-fogo entre Israel e Hamas e, até agora, a trégua se manteve: nenhum foguete foi disparado da Faixa de Gaza contra Israel, e os militares israelenses não lançaram nenhum ataque aéreo contra o território governado pelo Hamas – um dos lugares mais densamente povoados da Terra. Mas a trégua oficial ainda não foi sentida em algumas das comunidades mais frágeis de Israel: as cidades mistas de árabes e judeus. – Em Jerusalém (Oriental), judeus e palestinos não compram sequer pão uns dos outros se não quiserem – disse Samah*, de 31 anos e habitante de Jerusalém, que, como todos os palestinos entrevistados para este artigo, só aceitou falar sob condição de anonimato. Em Haifa, para onde Samah se mudou há apenas dois meses, ela se sente diferente. "Soa terrível, mas em Jerusalém, pelo menos eu sentia que podia me esconder em minha própria bolha. Se ficasse apenas na parte oriental, eu não tinha que enfrentar o racismo judaico e a discriminação", diz ela sobre o setor onde os palestinos constituem a maioria dos residentes. – Em Haifa, judeus e palestinos são forçados a esbarrarem uns com os outros diariamente. A cidade não está dividida em duas partes como Jerusalém. A cidade setentrional, a terceira maior de Israel, se orgulha de ser um modelo de coexistência árabe e judaica, mas as tensões e a hostilidade ainda existem, e se agravaram em violentos confrontos durante os 11 dias de conflito. Apenas dois dias após o Hamas lançar seus primeiros foguetes contra Jerusalém, manifestantes judeus em Haifa atiraram pedras em um motorista palestino. Em outro incidente, cinco árabes israelenses atacaram um judeu de 30 anos na cidade mista de Acre, no norte do país. Tais incidentes estão longe de serem isolados.

Cessar-fogo não é suficiente

Cidades mistas de árabes e judeus como Haifa, Lod e Jaffa, nas quais judeus e palestinos convivem entre si há décadas, podem não ter sido diretamente atingidas por foguetes, mas ainda ardem por dentro. – Não existe uma coexistência real – diz Samah, quando fala sobre seu novo lar em Haifa. "Também aqui os palestinos sempre foram [cidadãos] de segunda classe. Só está mais óbvio agora." Para Halil*, de 15 anos, nascido e criado em Jaffa, o cessar-fogo de sexta-feira foi "uma notícia fantástica, mas é apenas o começo", explica ele ao atender o único cliente da padaria de sua família, que, em condições normais, costuma ser lotada de fregueses palestinos e judeus.
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