Berlim desliga holofotes de monumentos e prédios públicos, e Hannover desativa chuveiros quentes em piscinas e ginásios. Outras cidades adotam medidas semelhantes para economizar gás para o inverno.
Por Redação, com DW - de Berlim
Diversas cidades na Alemanha começaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos e a oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e ginásios esportivos. O objetivo é economizar energia e poupar reservas de gás para o inverno, diante do risco de que Moscou corte totalmente o seu fornecimento de gás, como represália às sanções que enfrenta pela guerra na Ucrânia.
Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, ficarão escuros à noite. Os holofotes já começaram a ser desligados gradualmente, em um processo que levará quatro semanas.
– Tendo em vista a guerra contra a Ucrânia e as ameaças de política energética da Rússia, é importante que tenhamos o maior cuidado possível com nossa energia – disse na quarta-feira a secretária de Meio Ambiente da cidade, Bettina Jarasch, do Partido Verde.
Ela afirmou que o esforço também deve envolver os cidadãos e as empresas, e definiu a decisão da prefeitura como "a coisa certa a fazer para dar uma contribuição visível". O plano envolve desativar 1.400 holofotes, que serão desligados por uma empresa terceirizada.
A mudança não economizará recursos públicos, pois espera-se que os custos de mão-de-obra sejam equivalentes ao benefício da redução do uso de energia. Berlim também reduzirá o aquecimento de seus prédios públicos.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, anunciou que também manterá a fachada de sua residência oficial, o Palácio de Bellevue, no parque Tiergarten, em Berlim, sem iluminação à noite.
Chuveiros frios em Hannover
Hannover, no norte do país, também anunciou na quarta-feira seu plano para reduzir o consumo de energia em 15%, e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos públicos.
A cidade reduzirá o período do dia em que os edifícios públicos serão aquecidos de outubro a março, e limitará a temperatura máxima neles a 20 graus Celsius. Em ginásios esportivos, a máxima será de 15 graus. Em áreas de armazenamento e no transporte público, de 10 a 15 graus.
Também não haverá mais iluminação externa em prédios públicos, museus e pontos turísticos, e chafarizes serão desligados. "Qualquer kilowatt poupado protege as reservas de gás", disse o perfeito de Hannover, Belit Onay.
A meta de 15% de economia em Hannover está alinhada ao plano da União Europeia (UE) aprovado nesta semana, cujo cumprimento, porém, ainda é voluntário e varia de acordo com a realidade de cada país do bloco. A Alemanha está sob pressão para demonstrar na prática seu compromisso com a redução do consumo.
A maior parte do gás importado pela Alemanha é utilizado para aquecer casas e na atividade de grandes indústrias, além de gerar cerca de 15% da energia elétrica consumida no país. Os países da UE estão no momento tentando abastecer ao máximo seus reservatórios de gás para garantir o fornecimento no inverno.
Iluminação reduzida
Medidas semelhantes foram adotadas em outras cidades alemãs. Em Augsburg, na Baviera, a prefeitura reduziu a temperatura de suas piscinas públicas e fará o mesmo no aquecimento de prédios públicos. As cidades de Mainz e Weimar também já reduziram a iluminação pública em algumas áreas.
Munique anunciou que a iluminação externa do prédio da prefeitura também será desligada, e que os prédios públicos terão apenas água fria. Em Nurembergue, três de suas quatro piscinas públicas serão fechadas.
O governo do chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), lançou um esforço nacional para economizar energia, que inclui redução do uso de ar-condicionado, estímulo ao uso do transporte público e promoção de chuveiros mais eficientes.
Antes da guerra na Ucrânia, a Alemanha comprava 55% de seu gás natural da Rússia. Embora a taxa tenha caído para 35% no início de junho, a principal economia da Europa ainda depende muito da Rússia para sua energia.
Na quarta-feira, a gigante estatal russa Gazprom cortou as entregas de gás por meio do gasoduto Nord Stream 1 para 20% da sua capacidade, metade do que vinha fornecendo.