Rio de Janeiro, 08 de Fevereiro de 2025

China oferece acordo com Brasil para usar a base de Alcântara

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Quarta, 15 de Janeiro de 2025 às 20:03, por: CdB

Embora o Itamaraty, consultado pela reportagem do Correio do Brasil nesta tarde, ainda não tenha retornado aos pedidos de entrevista sobre o assunto, fonte no Ministério da Defesa disse, em condição de anonimato, que “a oferta é bem-vinda”.

Por Gilberto de Souza – do Rio de Janeiro

O governo de Pequim confirmou por canais diplomáticos, nesta quarta-feira, a oferta de um acordo com Brasília para que possa lançar equipamentos à órbita da Terra, a partir da base de Alcântara, no Maranhão. Em contrapartida, a Aeronáutica contaria com caças Chengdu J-10 de última geração, como forma de substituir os caças Northrop F-5, que voam há mais de meio século e estão defasados, tecnologicamente.

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Os caças chineses J-10 estão entre os mais modernos do mundo

Embora o Itamaraty, consultado pela reportagem do Correio do Brasil nesta tarde, ainda não tenha retornado aos pedidos de entrevista sobre o assunto, fonte no Ministério da Defesa disse, em condição de anonimato, que “a oferta é bem-vinda”, mas não soube adiantar em que pé estão as negociações entre os dois países.

A Base de Lançamentos de Alcântara, por sua geolocalização muito próxima à Linha do Equador, tem sido um ativo brasileiro no acesso à órbita do planeta para a colocação de satélites. Uma série de questões políticas, no entanto, ainda impõe barreiras para que o país permita uma negociação mais ampla quanto ao uso dos equipamentos na base maranhense.

Já a oferta dos caças Chengdu J-10, por sua vez, segundo apurou o CdB, interessa muito à Aeronáutica, como alternativa para o treinamento de pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB).

Tratado

Segundo apurou ainda o blogueiro Luíz Müller, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) tem parcerias estratégicas com empresas e o governo norte-americano. Entre elas, a Virgin Orbit (EUA), que assinou um acordo para utilizar a infraestrutura do CLA para operacionalizar o foguete LauncherOne. A Hyperion Rocket Systems (EUA), empresa que opera o sistema de plataforma de lançamento destinado ao Veículo Lançador de Microssatélites (VLM) também tem acesso à base.

A Orion Applied Science and Technology (EUA), que foca em operações de lançadores de veículos suborbitais e a canadense C6 Launch, que planeja operar um pequeno lançador de satélites na região também estão credenciadas à CLA.

Em recente artigo publicado, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral (PSB) cita, textualmente, “o acordo assinado pelo governo (do presidente de facto Michel) Temer (MDB), aprovado pelo Congresso e sancionado por (Jair) Bolsonaro (PL) em 2019, chamado de ‘Salvaguardas Tecnológicas’ com o governo dos EUA, mediante o qual cedemos nossa Base de Lançamentos de Alcântara, de localização privilegiada, e assumimos compromissos que alienam nossa soberania”.

‘Acidente’

Ainda em 2003, lembra Müller, “Alcântara já tinha Status de uma das mais Importantes bases de lançamento de foguetes do mundo por conta de sua localização, mas também pelo Programa Espacial Brasileiro, quando sofreu um estranho ‘acidente’ que custou a vida de dezenas de cientistas, coisa hoje pouco ou nada lembrada também”.

Em paralelo, o Brasil está em processo de substituir sua frota envelhecida de caças Northrop F-5, que operam na FAB desde a década de 1970. A frota F-5 foi adquirida em diferentes lotes: 42 unidades em 1973, 26 unidades em 1988 e 11 unidades de segunda mão da Jordânia em 2000.

Entre 2005 e 2020, esforços de modernização conseguiram estender a vida operacional da esquadrilha. O F-5, no entanto, tende a ser definitivamente aposentado após 2030, levando a FAB a explorar opções para complementar seus caças Gripen NG com flexibilidade, mantendo de dois a três tipos de caças, entre eles os equipamentos chineses.

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