Rio de Janeiro, 27 de Abril de 2025

Canadá, China e México respondem ao 'tarifaço' de Trump

O Canadá foi o primeiro a responder ao 'tarifaço' de Trump, tendo anunciado uma medida de retaliação já na véspera, logo após o presidente norte-americano confirmar que as novas tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México passariam a valer.

Terça, 04 de Março de 2025 às 13:27, por: CdB

O Canadá foi o primeiro a responder ao ‘tarifaço’ de Trump, tendo anunciado uma medida de retaliação já na véspera, logo após o presidente norte-americano confirmar que as novas tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México passariam a valer.

Por Redação, com agências internacionais – de Ottawa, Pequim e Cidade do México

Canadá, China e México anunciaram quase que simultaneamente, nesta terça-feira, o aumento nas taxas de importação aos produtos norte-americanos. As medidas vêm em resposta às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. O Canadá foi o primeiro a responder ao ‘tarifaço’ de Trump, tendo anunciado uma medida de retaliação já na véspera, logo após o presidente norte-americano confirmar que as novas tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México passariam a valer.

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Trudeau avisou aos canadenses que os tempos adiante serão difíceis

Em pronunciamento nesta tarde, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que o país iria impor tarifas de 25% sobre US$ 107 bilhões em produtos dos EUA. Segundo Trudeau, parte das medidas entraria em vigor já nesta terça-feira, enquanto o restante passaria a valer em um prazo de 21 dias. Trudeau não poupou críticas a Trump e avisou aos canadenses que a disputa que ora se inicia “vai ser dura, e não vou dourar essa pílula”.

— Nossas tarifas permanecerão em vigor até que a ação comercial dos EUA seja retirada e, caso as tarifas dos EUA não cessem, estamos em discussões ativas e contínuas com províncias e territórios para buscar diversas medidas não tarifárias — acrescentou o primeiro-ministro canadense.

Restrições

Em seguida, Pequim não apenas impôs novas taxas de 10% a 15% sobre as exportações agrícolas dos Estados Unidos, como também anunciou novas restrições de exportação e investimento a 25 empresas dos EUA, afirmando “motivos de segurança nacional”. Segundo o governo chinês, produtos como frango, trigo, milho e algodão dos EUA terão uma taxa adicional de 15%, enquanto soja, sorgo, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios sofrerão uma tarifa extra de 10%. As medidas passam a valer em 10 de março.

Assim, a expectativa é que as novas taxas impostas pela China afetem cerca de US$ 21 bilhões em exportações de produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos, deixando as duas maiores economias do mundo um passo mais perto de uma guerra comercial total. O país já tinha anunciado tarifas de 15% para carvão e gás natural liquefeito (GNL) e taxas de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis dos EUA em fevereiro, também em retaliação às medidas de Trump.

O impacto das tarifas foi imediato nos mercados financeiros. As principais bolsas de valores dos EUA registraram quedas expressivas no pregão anterior. O índice S&P 500 caiu 1,75%, fechando em 5.850,31 pontos, sua pior performance diária do ano. O Nasdaq Composite despencou 2,64%, para 18.350,19 pontos, enquanto o Dow Jones Industrial Average recuou 1,47%, chegando a 43.197,30 pontos. Entre as empresas mais afetadas, a fabricante de chips Nvidia teve um tombo de 8,69%, e o grupo de energia ConocoPhillips caiu 6,58%.

Sanções

Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, em pronunciamento na noite passada, garantiu que o governo mexicano está preparado para lidar com as sanções.

— Temos um plano A, B e C — afirmou.

Ela também citou dados que apontam uma queda de 49,9% nas apreensões de fentanil na fronteira com os EUA entre outubro e janeiro, contestando as alegações de Trump.

Após as manifestações dos países sancionados, Trump afirmou que as tarifas somente serão reduzidas se os países afetados transferirem suas fábricas para os Estados Unidos.

— O que eles precisam fazer é construir suas fábricas de automóveis e outros produtos aqui nos EUA. Assim, não haverá tarifas — disse o presidente.

Questionado sobre o limite máximo das sanções contra a China, Trump evitou responder e condicionou a decisão a possíveis reações de Pequim.

— Depende do que eles fazem com sua moeda e suas retaliações econômicas — acrescentou.

Mas Trump minimizou os efeitos de uma escalada comercial.

— Não acho que Pequim retaliará muito — concluiu.

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