“O apoio a um imposto sobre a fortuna para pessoas ricas é maior na Indonésia (86%), Turquia (78%), Reino Unido (77%) e Índia (74%). O apoio é menor na Arábia Saudita (54%) e na Argentina (54%), mas ainda assim mais da metade dos entrevistados”, aponta o relatório.
Por Redação – de Brasília
Tanto no cenário externo quanto entre os brasileiros, a proposta da taxação às grandes fortunas repercute cada vez mais. Sete a cada dez brasileiros apoiam a ideia, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira na coluna do correspondente internacional Jamil Chade. A pesquisa foi publicada pela Ipsos e revela que, nas grandes economias do mundo, mais de dois terços das populações querem que os ricos paguem um volume maior de impostos.
“O apoio a um imposto sobre a fortuna para pessoas ricas é maior na Indonésia (86%), Turquia (78%), Reino Unido (77%) e Índia (74%). O apoio é menor na Arábia Saudita (54%) e na Argentina (54%), mas ainda assim mais da metade dos entrevistados”, aponta o relatório.
No Brasil, o principal divulgador da proposta é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O economista ressalta a urgência de aplicar mais impostos sobre grandes fortunas, para captar recursos a serem usados no combate à fome, no mundo, e promover ações contra as mudanças climáticas.
Primavera
Recentemente, Haddad encontrou-se com o papa Francisco, no Vaticano. A reunião não foi aberta à imprensa, mas um dos assuntos tratados foi a tributação mundial aos super-ricos, ideia defendida pelo Brasil durante a presidência do G20.
No início do mês passado, Haddad foi a Washington e conquistou apoios importantes no esforço do Brasil para a taxação das grandes fortunas. O ministro participou das reuniões de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI); além de se encontrar com ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20.
Haddad também comemorou que o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, apoia a medida. Ao lado do ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, ele disse esperar que o G20 possa chegar a um acordo sobre a taxação de super-ricos ainda neste ano.
— Especificamente, a administração Biden tem dado sinais claros de que algo precisa ser feito (sobre a taxação de super-ricos). Ou no plano doméstico, ou no plano internacional”, afirmou. Le Maire disse concordar com a necessidade de aprovação da medida. “Essa é apenas uma questão de vontade política e de determinação política — disse Haddad, em recente entrevista.
Taxação
Ocupando a presidência do G20 este ano, o Brasil apresentou a proposta, pela primeira vez, na Trilha de Finanças do bloco, em São Paulo, em fevereiro. Ao participar de painel na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana, Haddad disse que o Brasil “vai trabalhar de maneira incansável” para a taxação internacional dos mais ricos e o combate à fome. Nesse sentido, sua expectativa é incorporar essas pautas ao ao senso comum.
— Falava-se muito em meritocracia e nem isso está sendo respeitado por esses mecanismos atuais, para alcançar pessoas de classe média e pobres. E a partir do momento que você vai subindo os degraus da riqueza e da fortuna você vai escapando das malhas dos estados nacionais e vivendo quase que em uma nuvem, em um paraíso fiscal internacional que se criou. Isso tem que ser superado — afirmou.
Le Maire, do mesmo modo, afirmou que “compartilha integralmente” o ponto de vista brasileiro. Ele disse que, junto à proposta brasileira de taxação de fortunas, defendeu a necessidade de ampliar a transparência no sistema financeiro. Citou ainda que, além de Paris, outras economias europeias também apoiam o esforço brasileiro. Além disso, defendeu também um imposto corporativo mínimo comum.