Boulos lembrou, em sua fala, que “às vezes, até o FMI já fala que o caminho não é austeridade”.
Por Redação – de Brasília
O recém-nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, recebeu a homenagem na noite passada de empresários progressistas, em jantar promovido pela instituição Esfera Brasil. Em seu discurso, acenou ao setor produtivo ao fazer duras críticas à taxa de juros no Brasil, uma das principais queixas do segmento.

— O risco-país do México é três vezes o nosso. E o nosso juro é cinco vezes o deles. Como se justifica isso? Então, é preciso começar a pensar o que o mundo está pensando — afirmou o ministro.
Boulos lembrou, em sua fala, que “às vezes, até o FMI já fala que o caminho não é austeridade”.
— E a Faria Lima está com o discurso do FMI dos anos 90 — espetou Boulos, em referência a políticas de ajuste fiscal e abertura de mercado defendidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para países da América Latina na década de 1990, como contrapartida a empréstimos.
Produção
Não foi de graça, porém, que Boulos fez o comentário sobre a política monetária do Banco Central (BC), em curso. Há uma rixa entre setor produtivo e mercado financeiro porque muitos empresários avaliam que a Faria Lima (centro financeiro da capital paulista) especula com os juros exageradamente altos. A taxa nas alturas, por sua vez, torna mais caro o investimento para expandir a produção.
— Eu sei que aqui tem gente do setor financeiro, mas o Brasil não pode ser uma plataforma de aplicação especulativa de curto prazo, com juros de 15% ao ano. Não é possível que uma cegueira ideológica de determinados setores impeça e obstrua o desenvolvimento nacional — resumiu Boulos.