Rio de Janeiro, 18 de Março de 2025

Bolsonaro aparece nas redes sociais, no carnaval, para criticar os artistas brasileiros

"Esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet". O presidente da República referiu-se a Caetano e Daniela, dois dos mais relevantes artistas do país como "dois 'famosos".

Terça, 05 de Março de 2019 às 13:51, por: CdB

"Esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet". O presidente da República referiu-se a Caetano e Daniela, dois dos mais relevantes artistas do país como "dois 'famosos".

 
Por Redação - do Rio de Janeiro
Após alguns dias afastado das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro voltou à ativa, justo na Terça-feira de Carnaval. Mas seu objetivo não foi o de elogiar a festa e, sim, criticar os artistas brasileiros, as artes e a cultura nacional. Na mensagem, o radical de extrema-direita atacou, violentamente, os compositores Caetano Veloso e Daniela Mercury. Ele afirma que eles sequer são artistas e acusou-os, falsamente, de viver às custas da Lei Rouanet:
bolso-maringoni.jpg
Na charge de Maringoni, a versão do novo fascismo brasileiro
"Esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet". O presidente da República referiu-se a Caetano e Daniela, dois dos mais relevantes artistas do país como "dois 'famosos". É uma retaliação ao videoclipe "Proibido o Carnaval" lançado no início de fevereiro. No seu tweet, Bolsonaro divulga a gravação de um artista cujo nome é omitido com uma marchinha de ataque aos dois artistas e que começa com o cantor anunciando: "Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e nossa querida Daniela Mercury... chupa!". O refrão da marchinha é o ataque mentiroso aos dois: "Ê ê ê ê ê, tem gente ficando doida sem a tal Lei Rouanet”. O ataque de Bolsonaro foi uma retaliação ao videoclipe, "Proibido o Carnaval", que a dupla baiana lançou, no início de fevereiro. Numa música que mistura ritmos e cores carnavalescas, o vídeo retrata uma festa repleta de convidados e dançarinos de ambos os sexos. O ritmo é frenético, alegre e o vídeo é sensual. Daniela e Caetano beijam-se, assim como vários dançarinas e dançarinos de todos os sexos, com beijos entre todos.

Rosa ou azul?

O vídeo termina com uma homenagem a Jean Wyllys, que desistiu de seu mandato e exilou-se depois de mais de um ano de ameaças de morte por parte dos seguidores de Bolsonaro: "Dedico este videoclipe ao meu amigo amado e incansável guerreiro Jean Wyllys. Estamos te esperando de volta: o Carnaval não está proibido! Axé!!!”, disse Daniela. A letra de "Proibido o Carnaval" faz uma crítica bem humorada a todo ideário bolsonarista quanto aos direitos civis e à moral social, com uma referência direta à declaração da ministra Damares Alves (da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) para quem meninos deve vestir azul e as meninas, rosa. Cantaram Daniela e Caetano: "Vai de rosa ou vai de azul?”. Conheça a letra de "Proibido o Carnaval”:
“Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Está proibido o Carnaval
Nesse país tropical
Tô no meio da rua, tô louca Tô no meio da rua sem roupa Tô no meio da rua com água na boca Vestida de rebeldia, provocando a fantasia
Tô no meio da rua, tô louca (hum) Tô no meio da rua sem roupa (ah é) Tô no meio da rua com água na boca Vestida de fantasia, provocando a rebeldia Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha
Minha alma não tem caixinha Só tem asinha
Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Minha alma só tem asinha
A mulherada comandando a batucada O trio elétrico cantava, libertando a multidão Frevo fervando no Galo da Madrugada Pernambuco não parava de fazer revolução

Filhos de Gandhi, o afoxé na resistência O Caboclo era soldado no Brasil da Independência No crocodilo, Stonewall, estou aqui No carnaval beijando free
Salvador é a nova Grécia
Quilombola, Tupinambá O corpo é meu, ninguém toca Vatapá, caruru Iemanjá lá no sul Vai de rosa ou vai de azul?
Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar
Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar
Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Está proibido o Carnaval Nesse país tropical
Tô no meio da rua, tô louca (tá louca?) Tô no meio da rua sem roupa (uau) Tô no meio da rua com água na boca Vestida de rebeldia, provocando a fantasia
Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Minha alma só tem asinha
Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Minha alma só tem asinha
A liberdade, a Caetanave, a Tropicália O povo de Maracangalha sai dançando o meu axé O samba ensina, o samba vence a violência O samba é a escola de quem ama esse país como ele é
Eu falei: Faraó, e ninguém respondeu Quem come aqui sou eu, Romeu Libera a libido Forró em Caruaru, é? Vai de rosa ou vai de azul?
Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar
Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Axé, axé, axé, axé, axé (proibido? Tá proibido proibir) Axé (axé), axé (axé), axé, axé, axé, axé!
Ficou safada”.
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo