As geradoras vivem o problema do curtailment, termo para os cortes na produção de energia sobretudo por excesso de eletricidade no sistema em certos horários.
Por Redação – de São Paulo
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) acompanha de perto a crescente crise na geração de energia no país. Maior financiador das usinas renováveis – que têm tido receitas afetadas por cortes obrigatórios –, o banco já sinaliza que pode renegociar contratos de crédito com as empresas e conceder até perdão para obrigações.

As geradoras vivem o problema do curtailment, termo para os cortes na produção de energia sobretudo por excesso de eletricidade no sistema em certos horários. O quadro reduz o faturamento dos projetos, com associações mencionando prejuízos acumulados de R$ 5 bilhões, e ameaça o pagamento de empréstimos contratados com o setor financeiro.
Faca no pescoço
Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, afirma que a instituição vai ficar ao lado das empresa se proteger empreendimentos. Segundo a diretora, o BNDES é o maior financiador de energia renovável do mundo e grande parte das geradoras de energia renovável solar e eólica – onde o curtailment é mais aplicado – são clientes do banco.
— O BNDES é um banco que não vai pôr a faca no pescoço de alguma em presa que fique sem receita. Vai negociar liberação de conta reserva e waiver (perdão) se necessário, ficar do lado do cliente e proteger os projetos — disse Costa, a jornalistas.
Ela diz que o curtailment tem gerado uma situação de crise nos investimentos no segmento de geração, diferentemente do entusiasmo com outras frentes da infraestrutura – como saneamento, que está na “crista da onda”, e rodovias.
— Quando veio lá a crise da Light e da Americanas (que gerou uma retração no mercado), a gente segurou vários projetos. Agora, na hora do curtailment, a gente está muito próximo dos clientes e a gente não vai sair por aí quebrando o projeto — acrescentou.
Escala
Segundo Costa, para mitigar o problema o BNDES está trabalhando para que investimentos em transmissão de energia sejam acelerados. Isso porque parte dos cortes acontecem pelas limitações de capacidade das linhas, embora em menor escala.
— O que pode ser feito no âmbito do BNDES a gente está fazendo — garantiu.
Costa defende que o problema é conjuntural e precisa ser atacado com uma
visão de longo prazo, tanto por meio de mudanças legais como em regulações
a cargo do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).