Em 2001, na crise energética que demandou o racionamento de energia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dirigiu-se à população. O atual mandatário resumiu-se no comentário aos seguidores, na véspera, durante a entrevista a uma rádio.
Por Redação - de Brasília
Até o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), que geralmente atua como tradutor e bombeiro, nas situações críticas geradas no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), já admitiu, nesta quarta-feira, que "pode ser" que ocorra "algum racionamento" de energia no Brasil, na pior crise hídrica porque passa o Brasil, nos últimos 91 anos. Mourão toca no assunto depois que o ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque afirmou, em rede nacional de rádio e TV, que a seca se agravou e será preciso um esforço de toda a população e empresas para reduzir o consumo de energia elétrica.
— Olha, o que eu tenho acompanhado é que o governo tomou as medidas necessárias. Criou uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo e a hora no sentido de impedir que ocorra isso aí que você colocou (apagão ou racionamento), que haja apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento, o próprio ministro (Bento Albuquerque) falou isso — disse Mourão, ao chegar em seu gabinete.
De acordo com o militar da reserva, no entanto, a situação energética brasileira demanda fé e torcida.
— Vamos torcer para... nós temos uma matriz energética muito baseada em hidrelétrica. A maior parte, vamos dizer, do uso da água é para atividades da agropecuária. O consumo humano é a menor parte, a outra é geração de energia. Então tem que haver uma dosagem disso aí. É algo que a gente vai enfrentar nos próximos anos, na minha visão, enquanto não houver uma recuperação plena dos nossos reservatórios — acrescentou.
Pronunciamento
Em 2001, na crise energética que demandou o racionamento de energia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dirigiu-se à população. O atual mandatário resumiu-se no comentário aos seguidores, na véspera, durante a entrevista a uma rádio. Albuquerque, na noite passada, foi mais abrangente. Ele afirmou que o período de chuvas na região Sul foi pior que o esperado.
— Como consequência, os níveis dos reservatórios de nossas usinas hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste sofreram redução maior do que a prevista — afirmou, no pronunciamento. De acordo com os cálculos do ministro, a perda de geração hidrelétrica equivale, até agora, a todo o consumo de energia de uma grande cidade como o Rio de Janeiro por cerca de cinco meses.
Em junho, em outro pronunciamento, o ministro havia pedido que a população poupe energia e água para enfrentar a crise hídrica.