Não houve reivindicação imediata de responsabilidade pelo ataque em Manbij, localizada a cerca de 30 quilômetros da fronteira com a Turquia.
Por Redação, com Reuters e DW – de Beirute
Um carro-bomba matou ao menos 15 pessoas na cidade síria de Manbij nesta segunda-feira, o segundo ataque na cidade em três dias e o mais mortal desde que Bashar al-Assad foi derrubado do poder em dezembro.

Não houve reivindicação imediata de responsabilidade pelo ataque em Manbij, localizada a cerca de 30 quilômetros da fronteira com a Turquia. O serviço de resgate da Defesa Civil identificou os mortos como 14 mulheres e um homem, e disse que outras 15 mulheres ficaram feridas.
As vítimas eram trabalhadores agrícolas e o número de mortos provavelmente aumentará, afirmou um funcionário da Defesa Civil à agência inglesa de notícias Reuters.
Guerra da Síria
Manbij mudou de mãos várias vezes durante a guerra da Síria, mais recentemente em dezembro, quando grupos apoiados pela Turquia a capturaram das Forças Democráticas da Síria (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos e lideradas pela milícia curda YPG.
A FDS havia capturado Manbij do Estado Islâmico em 2016.
No sábado, um carro-bomba em Manbij matou quatro civis e feriu nove, incluindo crianças, informou a agência de notícias estatal síria Sana.
Assad foi derrubado do poder em 8 de dezembro, após uma ofensiva relâmpago do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), cujo líder, Ahmed al-Sharaa, foi declarado presidente de transição da Síria na semana passada.
Presidente interino
O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, viajou no domingo para a Arábia Saudita em sua primeira viagem oficial ao exterior após liderar a revolta que resultou na queda do ditador Bashar al-Assad.
A viagem para Riad é vista como um sinal do possível afastamento da Síria da influência do Irã, principal aliado regional do antigo regime, e da Rússia.
Sharaa e o ministro do Exterior de seu governo, Asaad al-Shaibani viajaram em um jato saudita, com uma bandeira saudita visível na mesa localizada atrás deles na aeronave.
Ele se encontrou com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman no Palácio Al-Yamamah, em Riad. A televisão estatal saudita destacou o fato de que al-Sharaa, conhecido internacionalmente pelo nome de guerra Abu Mohammed al-Jolani, fez de Riad seu primeiro destino.
À agência estatal de notícias Saudi Press Agency disse que ambos discutiram maneiras de “apoiar a segurança e a estabilidade” da Síria. A Sana, agência de notícias síria, citou Sharaa dizendo que os dois líderes “trabalharam para elevar o nível de comunicação e cooperação em todas as áreas, especialmente as humanitárias e econômicas”.
Apoio de Riad aos insurgentes sírios
A Arábia Saudita estava entre as nações árabes que enviaram grandes somas de dinheiro para os grupos insurgentes que tentaram derrubar Assad, após os protestos da Primavera Árabe de 2011 na Síria se transformarem em uma repressão sangrenta pelas forças do antigo governo.
Esses grupos, porém, sofreram duras derrotas devido à intervenção de forças russas e iranianas, que geraram um impasse na guerra civil que assolou o país durante dez anos.
Porém, tudo mudou com a ofensiva relâmpago de dezembro liderada pelo grupo radical islâmico Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS), antigo braço sírio da rede terrorista Al Qaeda que comandou a ofensiva contra Damasco. O HTS, porém, renunciou aos seus antigos laços com a organização islamista.
Sharaa e a HTS administram cuidadosamente sua imagem pública, com o presidente interino favorecendo um visual civil, ou militar semelhante ao do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, nomeando mulheres para cargos de alto escalão e tentando manter laços com as populações cristã e xiita alauíta da Síria.
Interesses russos e iranianos em Damasco
Isso também inclui manter o Irã e a Rússia, em grande parte, à distância. Teerã ainda não reabriu sua embaixada em Damasco, que teve forte atuação nas operações do autointitulado “Eixo da resistência”, que incluía a Síria de Assad, o grupo islamista Hezbollah no Líbano e outros parceiros.
A Rússia pretende de manter o acesso às bases aéreas e marítimas que tem na Síria, embora Moscou tenha acolhido Assad quando ele fugiu do durante o levante.
As ações de Sharaa parecem ter como objetivo tranquilizar o Ocidente e tentar fazer com que as sanções que paralisam a economia síria sejam suspensas. A reconstrução do país após mais de uma década de guerra civil deverá custar centenas de bilhões de dólares, sem mencionar os custos de cobrir as necessidades da população, com milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza.