No documento, divulgado nesta terça-feira, a autarquia apontou que ainda que parte dos riscos de alta para os preços à frente tenha se materializado, o Comitê julgou que eles permanecem presentes na realidade brasileira.
Por Redação, com ABr – de Brasília
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) sublinhou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária. No documento, divulgado nesta terça-feira, a autarquia apontou que ainda que parte dos riscos de alta para os preços à frente tenha se materializado, o Comitê julgou que eles permanecem presentes na realidade brasileira.

“Um tema de risco recorrente no debate do Comitê tem sido a desancoragem das expectativas de inflação, inclusive para prazos longos. Outro risco bastante presente é com relação ao grau de sobreaquecimento da economia, em particular, seus efeitos sobre a inflação de serviços… Há também um risco à alta da inflação relativo à condução de políticas econômicas interna e externa, com impacto primordial por meio da taxa de câmbio”, diz o BC no documento.
As explicações ocorreram após o Copom, na decisão da semana passada, ter feito alterações em seu balanço de riscos para a inflação, apesar de manter a visão de que há uma assimetria altista para os preços à frente. Na ata, o BC informou que a efetivação de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos domésticos.
Riscos
Na ata, o BC pondera que pode haver pressão de baixa nos preços caso não se materialize o cenário de medidas prometidas pelo governo Donald Trump, uma vez que os preços de ativos já estão incorporados. Do lado dos riscos de baixa para a inflação, o BC disse na ata que alguns dos fatores já não se mostravam mais presentes, enquanto outros apareceram com mais força no debate.
“A possibilidade de uma desaceleração da atividade global ou de impactos mais fortes do que o esperado do aperto monetário sobre a desinflação global parece menos provável”, apontou.
No entanto, o Comitê apontou a possibilidade de uma desaceleração mais forte da atividade no Brasil, algo que poderia gerar impactos desinflacionários. Mas ponderou que seu cenário-base já contempla uma desaceleração e que não há evidência de desaceleração abrupta.
Relatório
O BC ainda avaliou que vetores inflacionários seguem adversos, como hiato do produto positivo (quando a economia opera acima de sua capacidade), depreciação cambial, inflação corrente mais elevada e expectativas de mercado mais desancoradas.
Para a autarquia, esse cenário exige uma política monetária mais contracionista. A comunicação se diferencia da apresentada na reunião de dezembro, quando o BC se referia à necessidade de uma política de juros “ainda mais contracionista”.
“Comitê acompanhou com atenção os movimentos do câmbio, que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da política econômica norte-americana e ao diferencial de juros”, resumiu a autarquia, no relatório.