Antes dos resultados oficiais, porém, é impossível prever quem ocupará a Casa Rosada por quatro longos anos. As pesquisas indicam um cenário absolutamente equilibrado, e especialistas classificam a eleição atual como a “mais importante da história”.
Por Redação, com BdF - de Buenos Aires
A Argentina vai dormir, neste domingo, com um dilema histórico a ser resolvido até as primeiras horas da manhã desta segunda-feira. Seguir adiante com a receita do peronista Sergio Massa e tentar uma redução gradual da inflação estratosférica ou ingressar em uma espiral econômica imprevisível com a dolarização da economia, de acordo com a proposta do anarcocapitalista Javier Milei. A resposta sai das urnas, ainda durante a madrugada.
Antes dos resultados oficiais, porém, é impossível prever quem ocupará a Casa Rosada por quatro longos anos. As pesquisas indicam um cenário absolutamente equilibrado, e especialistas classificam a eleição atual como a “mais importante da história”.
À frente, duas possibilidades: um governo de centro, que terá que flertar com a ala progressista do peronismo e abrir diálogo com os movimentos sociais do campo popular, ou uma guinada à extrema direita, que poderá desestabilizar de vez o país.
— Se ganhar Milei, teremos uma situação de caos e com fortes níveis de confrontos no curto prazo. O povo argentino vai sair às ruas e já demonstrou, nos últimos anos, que defende os direitos humanos, a educação pública e a saúde, e acho que outros setores que não estão no campo popular vão aderir — especula Gonzalo Armúa, responsável pelas Relações Internacionais da Frente Pátria Grande, que conseguiu 5,7% dos votos nas eleições primárias argentinas, em agosto deste ano.
Bolsonaro
A análise é similar ao prognóstico de Hugo Yasky, deputado federal e secretário-geral da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), que pediu que os argentinos se recordem da “experiência Bolsonaro que destruiu o Brasil.”
— Se a eleição do Milei se confirma e ele passa a cumprir tudo que prometeu, teremos um quadro de turbulência que vai mobilizar os estudantes e trabalhadores para que saiam às ruas para se defender — emendou o deputado federal.
Na possibilidade de vitória de Milei, haverá uma disputa na direita pelo controle do poder. Na Argentina, há um ceticismo sobre a capacidade de governar do candidato da extrema direita, que tem bom desempenho nas redes sociais, mas pouco traquejo em ambientes e atividades que exigem maior preparo para debater os temas do país.
Ultradireita
Neste cenário, espera-se que o ex-presidente Maurício Macri, fiador da campanha de Milei, seja uma presença constante na Casa Rosada e que demande uma fatia do governo, para garantir que o ultradireitista não fique isolado, uma vez que não contará com base para governar no Parlamento argentino.
— Está muito apertado, não tem como saber o que acontecerá, pode vencer um lado ou outro. Massa tem o apoio de diversos setores organizados da sociedade, governadores, prefeitos, professores, pesquisadores, artistas, etc...estão posicionados com Massa. Do lado de Milei, nenhum desses setores o apoiam, nenhum governador ou prefeito, só Macri — alerta Armúa.
Coalizão
Com Massa, o caminho natural é que o peronista tente formar um governo de coalizão, contemplando todos os setores que se uniram em torno de sua candidatura, mais pela oposição a Milei e menos por seu carisma ou agenda política.
— Se ganhar o Massa, teremos um governo de centro, de centro conservador. Ele manterá o status quo, principalmente a saúde e educação, mas deixando espaço para setores de esquerda, de dentro do campo popular (no governo) — explica Armúa.
Ministro da Economia do governo do atual presidente, Alberto Fernandez, Massa não esconde que sua prioridade será a agenda econômica. A Argentina está submissa a uma inflação de 142% ao ano e com 40% da população na linha da pobreza.