Rio de Janeiro, 19 de Maio de 2025

Após incêndio em 2018, Museu Nacional reabre às vésperas dos 207 anos

Após um incêndio devastador em 2018, o Museu Nacional reabre suas portas em junho de 2023, oferecendo visitação parcial e destacando o meteorito Bendegó.

Quinta, 03 de Abril de 2025 às 15:11, por: CdB

Fogo atingiu acervo e instalações do imóvel centenário na Quinta da Boa Vista. Abertura parcial para visitação é anunciada para junho deste ano.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Fechado desde 2018, após um incêndio que destruiu o prédio e danificou 85% de seu acervo, o Museu Nacional já tem uma data marcada para retomar suas atividades e receber novamente o público. No dia 5 de junho, quando a instituição completará 207 anos, o edifício histórico da Quinta da Boa Vista, localizado na Zona Norte, reabrirá suas portas, ainda que de forma parcial, permitindo o acesso a uma área restrita no bloco 1. Ao entrar, os visitantes encontrarão uma peça que se tornou um símbolo da resistência ao incêndio: o meteorito Bendegó, uma rocha de mais de cinco toneladas descoberta em 1784 no sertão da Bahia, e que é um dos cartões de visita do museu.

Após incêndio em 2018, Museu Nacional reabre às vésperas dos 207 anos | Fechado desde 2018 devido a um incêndio, Museu Nacional reabre na véspera de completar 207 anos
Fechado desde 2018 devido a um incêndio, Museu Nacional reabre na véspera de completar 207 anos

A notícia sobre a reabertura foi divulgada ontem pela manhã, durante uma cerimônia realizada no próprio edifício histórico. Na ocasião, também foi anunciada a doação adicional de R$ 50 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para ajudar na reconstrução do museu, que é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

— A ideia é que todo o bloco 1 volte a ter uma cara histórica, com intervenções sutis de contemporaneidade. Vamos trazer de volta o que era o Museu Nacional, com toda a decoração, todos os forros, todas as pinturas decorativas que estamos conseguindo resgatar — adiantou o arquiteto Wallace Caldas, responsável pelo gerenciamento do projeto de restauração.

Uma das intervenções mais complexas foi a instalação de uma claraboia, com peso estimado de 30 toneladas, em uma área que anteriormente não possuía cobertura. Os vidros foram especialmente projetados para permitir a entrada de luz natural, destacando o esqueleto de uma baleia-cachalote de 15,7 metros, doado ao museu após a tragédia, que será suspenso a dez metros de altura.

Durante a cerimônia realizada ontem, foi apresentado um cronograma com as fases da reabertura do museu (veja quadro), que ocorrerá de forma gradual até 2028. Ao longo desse período, o processo de restauração do acervo continuará. Atualmente, cerca de 400 pessoas estão trabalhando no local.

Doações bem-vindas

Uma das principais atrações daquele espaço também receberá tratamento especial: Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul.

— Será um trabalho complexo de restauração da nossa grande guerreira. Agora, com esses recursos, podemos pensar nisso — exaltou o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.

Está ativa uma campanha de recomposição do acervo por meio de doações de instituições estrangeiras e nacionais. A expectativa é pela chegada de 1,1 mil fósseis, com destaque para dois dinossauros.

As chamas revelaram tesouros escondidos, alguns sob camadas de tintas. Durante as obras, foram encontradas pinturas decorativas imitando pedra e de estilo marajoara. Também foram feitas descobertas arqueológicas em diferentes pontos do solo na parte interna do palácio, o que deflagrou escavações e estudos.

Um balanço da reconstrução foi apresentado pelo Projeto Museu Nacional Vive, cooperação técnica entre UFRJ, Unesco e Instituto Cultural Vale. As obras tiveram início em 2021 e, até agora, 80% do telhado foram refeitos, e 75% das fachadas de todo o palácio, restauradas.

— Este projeto talvez seja o mais complexo que o Brasil já enfrentou, pelas características da edificação, pela perda trágica do seu acervo e pela desconfiguração do próprio equipamento — destacou o diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, representando o Comitê Executivo do Projeto Museu Nacional Vive.

O custo estimado para a recuperação do prédio e do acervo é de R$ 516,8 milhões. Até o momento, foram arrecadados R$ 346,8 milhões, o que corresponde a 67% do valor necessário. O maior doador até agora é o BNDES, com um total de R$ 100 milhões, considerando tanto os repasses realizados anteriormente quanto o feito ontem. De acordo com o presidente do banco, Aloizio Mercadante, dos recursos ainda a serem levantados, cerca de R$ 100 milhões estão em fase de negociação final, enquanto R$ 70 milhões estão em estágios avançados de negociação, sem maiores detalhes sobre as fontes desses valores.

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