Após debandada no governo e revolta nas próprias fileiras, líder do Reino Unido anuncia que deixará comando do Partido Conservador, abrindo caminho para novo primeiro-ministro.
Por Redação, com DW - de Londres
Boris Johnson anunciou sua renúncia à liderança do Partido Conservador nesta quinta-feira, abrindo caminho para um sucessor no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido e pondo fim a uma crise sem precedentes que paralisou o governo britânico. Em pronunciamento diante de sua residência oficial e escritório na Downing Street, Johnson afirmou que "ninguém é indispensável", mas que pretende permanecer no cargo de premiê enquanto seu partido elege um sucessor, um processo que pode levar meses. – É claramente a vontade do Partido Conservador no Parlamento que haja um novo líder para o partido e, portanto, um novo primeiro-ministro – disse Johnson, que afirmou estar triste por "abrir mão do melhor trabalho do mundo". Em protesto pelos seguidos escândalos envolvendo Johnson, mais de 50 membros do alto escalão do governo entregaram seus postos nos últimos três dias, pedindo a renúncia do premiê. Somente nesta quinta-feira, oito ministros renunciaram. Esta é a crise mais profunda enfrentada pelo premiê desde que venceu as eleições gerais de 2019. Há um mês, ele superou uma moção de desconfiança em seu partido, mas saiu com o poder enfraquecido da votação, que mostrou insatisfação de 41% dos parlamentares conservadores com sua gestão e com os escândalos que o afetam. O premiê vinha se negando a deixar o cargo, apesar da revolta de colegas do próprio Partido Conservador. – A renúncia dele era inevitável – afirmou Justin Tomlinson, vice-presidente do Partido Conservador, nesta quinta. "Como partido, devemos agora nos unir e focar no que importa." Num sinal de total falta de apoio, o ministro das Finanças de Johnson, Nadhim Zahawi, que foi nomeado para o cargo na terça-feira, pediu que o premiê renunciasse. "Isso não é sustentável e só vai piorar: para você para o Partido Conservador e, mais importante, para todo o país. Você precisar fazer a coisa certa e sair (do cargo)", escreveu no Twitter. Alguns dos que permanecerem em seu cargos, incluindo o ministro da Defesa, Ben Wallace, afirmaram que só o fizeram por terem a obrigação de manter o país seguro.