Atas do Copom publicadas pelo BC desde 1998 mostram que não houve até aqui reunião com duas ausências. O BC afirmou que não comentaria o assunto.
Por Redação, com Reuters – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enviar ao Senado apenas no próximo ano suas próximas duas indicações para a diretoria do Banco Central (BC) disseram à agência inglesa de notícias Reuters três fontes com conhecimento do assunto, deixando a esperada reunião de política monetária de janeiro com um quorum inédito de sete dos nove membros do colegiado.

Os mandatos dos últimos dois diretores nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — Diogo Guillen, de Política Econômica, e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro — terminam no fim de dezembro e as novas indicações, que precisam passar pela aprovação do Senado.
Copom
Embora Guillen e Gomes possam legalmente permanecer até a posse de seus substitutos, a expectativa é que deixem os cargos ao fim dos seus mandatos, afirmaram duas das fontes, sob condição de anonimato. Suas atribuições seriam então temporariamente absorvidas por outros integrantes do Comitê de Política monetária (Copom), todos eles nomeados por Lula.
Atas do Copom publicadas pelo BC desde 1998 mostram que não houve até aqui reunião com duas ausências. O BC afirmou que não comentaria o assunto. O Ministério da Fazenda e Palácio do Planalto não responderam de imediato às perguntas dos jornalistas.
Sabatina
O mercado financeiro, no entanto, permanece na expectativa para saber se o BC iniciará um aguardado ciclo de cortes na reunião de 27 e 28 de janeiro ou se esperará até março, em meio a sinais crescentes de desaceleração gradual da economia sob juros restritivos, com a Selic mantida inalterada desde junho em 15%, maior nível em quase duas décadas. Para dezembro, a expectativa consensual é de manutenção dos juros, segundo pesquisa da Reuters com economistas.
Após a indicação presidencial, os nomes precisam passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado antes da votação em plenário.
— Ainda não fui procurado sobre indicações para o BC — disse à agência o presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Diretores
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, afirmou que o Executivo “deve estar tratando do tema”.
— Mas nada chegou até mim — adiantou.
O Congresso retoma os trabalhos em 2 de fevereiro. Sem aprovação ainda este ano, os novos diretores somente participariam da segunda reunião de política monetária de 2026, em 17 e 18 de março, caso ganhem o aval dos senadores para que tomem posse antes disso.
Duas das fontes também pontuaram que o governo não bateu o martelo sobre os próximos diretores.