Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Amazônia: desmatamento traz prejuízo de US$ 1 bilhão por ano aos agricultores

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Segunda, 02 de Maio de 2022 às 08:56, por: CdB

Em informe anual sobre a situação das florestas no mundo, agência da ONU mostra que a preservação da Amazônia poderia permitir também a geração de renda ao Brasil. E destaca que a redução do desmatamento entre 2004 e 2014 se deu por políticas governamentais.

Por Redação, com RBA - de Brasília

Em informe anual sobre a situação das florestas no mundo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), agência da ONU, revela que o desmatamento no Brasil terá um impacto negativo também para os lucros dos agricultores pelas próximas três décadas. O órgão estima prejuízos de mais de US$ 1 bilhão por ano sobre esse setor, enquanto sua preservação poderia garantir renda ao Brasil.
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Aposta da FAO é que pequenos proprietários, comunidades locais e povos Indígenas são "cruciais" para a recuperação econômica e ambiental do Brasil
O informe, recém-lançado, foi divulgado nesta segunda-feira pelo correspondente internacional Jamil Chade, em sua coluna no UOL. O documento faz um alerta sobre como o desmatamento no Brasil tem sido “significativo”. As conclusões dos pesquisadores também vão no sentido contrário às teses do governo de Jair Bolsonaro, como mostra a reportagem. O presidente da República insiste numa suposta necessidade de transformar áreas de proteção em locais de exploração econômica. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, já chegou a defender, durante a Conferência do Clima na ONU, no final do ano passado, em Glasgow, que onde há muita floresta já muita pobreza. A FAO comprova, contudo, que os modelos de preservação da floresta podem conviver com o combate à pobreza. De acordo com a entidade, a preservação de um hectare garantia uma renda de US$ 800 por ano na Amazônia brasileira. Enquanto o desmatamento contínuo só garantirá prejuízos. “As quedas de chuvas ligadas ao desmatamento no sul da Amazônia brasileira poderiam causar perdas agrícolas, por exemplo, quedas na produção de soja e pecuária, avaliadas em mais de US$ 1 bilhão por ano entre agora e 2050”, diz a FAO. O montante previsto é baseado em um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Preservação: sinônimo de lucro

As florestas, atualmente, cobrem 4.06 bilhões de hectares, 31% da superfície terrestre do mundo. Uma área que vem diminuindo significativamente nos trópicos, conforme aponta o informe. A estimativa que 420 milhões de hectares de floresta foram desmatados entre 1990 e 2020. “Embora a taxa tenha declinado durante o período, desmatamento foi ainda estimado em 10 milhões de hectares por ano em 2015-2020, aproximadamente 0,25%”, constata a instituição.

A devastação

A FAO descreve ainda que a devastação não foi totalmente acompanhada por um reflorestamento, estimado em cerca de 5 milhões de hectares por ano durante o mesmo período. Segundo o correspondente internacional, Brasil, Canadá e Rússia abrigam mais da metade, 61%, das florestas primárias do mundo. Mas apenas o Brasil “tem experimentado perdas florestarias substanciais”. Para a FAO, indígenas e pequenos agricultores são a chave para a manutenção das florestas em pé. A instituição também cita diversos estudos que mostram que “o aumento da produtividade das terras agrícolas e da pecuária, combinado com políticas públicas e de mercado adequadas, podem ajudar a estabilizar a fronteira florestal na Amazônia brasileira”. Ela chama atenção para a redução na taxa de desmatamento de mais de 80% alcançada durante os governos do PT, entre 2004 e 2014. A qual atribui a uma combinação de políticas governamentais, como o reforço da aplicação da lei. Uma das apostas é que pequenos proprietários, comunidades locais e povos Indígenas são “cruciais” para a implementação dos três caminhos que podem apoiar a recuperação econômica e ambiental. O primeiro deles, deter o desmatamento e manter as florestas. Assim como restaurar as terras degradadas e expandir a agroflorestação. E, em terceiro, utilizar de forma sustentável as florestas e construindo cadeias de valor verdes.
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