O ato intitulado “Eu Defendo a UFF”, que foi pacífico do primeiro momento ao último, reuniu diversos coletivos urbanos, assim como assim instituições educacionais e sindicatos.
Por Joao Francisco Werneck - de NiteróiO desmonte nas universidades públicas no Brasil, deflagrado nas últimas semanas após o anúncio do governo Bolsonaro de que serão promovidos cortes na educação superior, não poderia ter ficado impune. A resposta imediata, como sempre, partiu das ruas, e na quarta-feira milhares de alunos e trabalhadores tomaram as avenidas do centro da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, em protesto contra as recentes medidas tomadas pelo Ministério da Educação. Por conta da manifestação, a Avenida Amaral Peixoto e a Visconde do Rio Branco foram interditadas por quase três horas.
O ato intitulado “Eu Defendo a UFF”, que foi pacífico do primeiro momento ao último, reuniu diversos coletivos urbanos, assim como assim instituições educacionais e sindicatos. Todos em defesa das universidades públicas, gratuitas e universais. De acordo com Viviane Almeida, uma das organizadoras do evento, “houve um diálogo com outras universidades federais, em especial a UERJ e os campus federais nas cidades do interior, como Macaé e Volta Redonda, para que houvesse uma grande concentração de alunos”. Ela ressaltou a importância em defender a UFF, a produção de conhecimento, e o grande ato estudantil que irá acontecer no próximo dia 15, na Candelária.
Como se não bastasse a baixa popularidade do governo, a infeliz decisão de Abraham Weintraub, titular no MEC, em anunciar um bloqueio de quase 30% nos orçamentos universitários, pode ser entendida como mexer em um vespeiro. Se antes era questionável o apreço do presidente pelas Federais, agora, por outro lado, não resta mais dúvida. O argumento falho e frágil do MEC, ao relacionar o ambiente estudantil com festas e “balbúrdias”, para Leonardo Giordano, vereador do PCdoB, “desencadeou em uma onda manifestações por várias cidades. O que pretende um país sem pesquisa, sem educação e sem futuro?”, ele questionou.
A situação tornou-se ainda mais insustentável na medida em membros do governo Bolsonaro, ao buscar uma justificativa para os cortes, relacionaram a retomada da normalidade universitária mediante a aprovação da Reforma da Previdência. Para Mariana Dias, presidente da UNE, “o presidente Bolsonaro mexeu com uma parte muito sensível da sociedade, que é o sonho brasileiro, de milhares de jovens, de ir para universidade”.
Enquanto a presidência patina em seu próprio projeto de país, o Brasil vive em maio de 2019, em pleno século XXI, uma espécie de sentimento social que remonta à França de 1968, o ano que nunca acabou.
Entre semelhanças, e também diferenças ululantes em função do contexto histórico de cada país, o deputado Waldeck aponta que “é muito importante que a juventude tenha entendido isso como um movimento vivo. A luta que está posta hoje é pela ciência, pela educação, pela soberania nacional. A luta de hoje remonta a de Maio de 1968. Podemos, sim, e devemos tirar uma experiência daquela época e aplicarmos hoje. Existe uma forma de ditadura que está se impondo sobre a sociedade brasileira”.