Negociações salariais acirradas para pilotos já provocam cancelamentos na Alemanha. Agora sindicato Ver.di convoca pessoal de solo a paralisação de 27 horas. Versões da Lufthansa e de sindicalistas se chocam.
Por Redação, com DW - de Berlim
A greve de 48 horas convocada pelo sindicato dos pilotos Associação Cockpit (VC) atinge duramente a Discover Airlines, subsidiária da Lufthansa. No aeroporto de Frankfurt, seriam realizados apenas dois dos 12 voos da companhia planejados para esta segunda-feira, segundo dia da paralisação. Na véspera também houve cancelamento de dez dos 16 voos programados.
Esta já é a terceira suspensão de atividades da companhia aérea fundada há dois anos e meio, após as cinco horas de greve de advertência pouco antes do Natal, e de uma greve regular de 24 horas no fim de janeiro.
Paralelamente, o sindicato dos prestadores de serviços Ver.di convocou o pessoal de solo da Lufthansa para uma greve de 27 horas nos aeroportos de Frankfurt, Munique, Hamburgo, Berlim e Düsseldorf, de 4h00 da quarta-feira (00h00 em Brasília) às 7h10 da quinta-feira.
A companhia aérea alemã critica como "totalmente incompreensível, em duração e dimensões" a greve que, segundo ela, afetaria mais de 100 mil passageiros.
Negociações acirradas e versões conflitantes
A greve se realiza no contexto das negociações salariais em curso, para o pessoal de solo da Deutsche Lufthansa, Lufthansa Technik, Lufthansa Cargo e outras integrantes do conglomerado. A Ver.di calcula em 25 mil os funcionários em questão, enquanto a Lufthansa fala de 20 mil, e as discrepâncias entre as duas versões não param por aí.
Os sindicalistas afirmam que a empresa propôs até agora um aumento médio de menos 2% no primeiro ano; e os empregados fora da Lufthansa Technik teriam um bônus mais baixo para compensação da inflação. Além de "totalmente insuficiente", tal oferta seria "divisiva".
Por sua vez, a multinacional da aviação menciona remunerações de mais de 13%, assim como "significativos bônus de compensação da inflação" e equiparação das condições de trabalho entre o oeste e o leste do país (territórios da antiga Alemanha Oriental, sob regime socialista até 1990). A Lufthansa evoca também aumentos salariais já concedidos nos últimos 18 meses, de 11,5% em média, e acusa a Ver.di de ter agora convocado à greve "antes mesmo das negociações em si".
A associação sindical rebate que os funcionários têm hoje "cerca de 10% a menos no bolso do que ainda três anos atrás", devido à inflação. E, embora a companhia registre lucros recordes, "essa situação deve ainda piorar mais, com a oferta dos empregadores".
A paralisação seria portanto uma "resposta clara" a esse estado de coisas, justifica o chefe de negociações da Ver.di, Marvin Reschinsky. A associação exige 12,5% mais salário, porém não menos do que 500 euros mensais adicionais. Ao longo de 12 meses, seria paga uma compensação inflacionária de 3 mil euros, uniforme para todos os empregados. O trabalho em turnos precisaria igualmente ser mais bem remunerado.
Em contrapartida, além de um aumento mensal mínimo de 200 euros, a Lufthansa propõe um parcelamento três vezes mais longo, de 36 meses. A próxima rodada de negociações está marcada para 12 de fevereiro.