Quarta, 02 de Fevereiro de 2022 às 13:24, por: CdB
Na eleição de 2018, os investidores comemoraram quando o político de centro-esquerda foi impedido de concorrer devido a condenações que o levaram à prisão. Para muitos, Lula se tornou a face da corrupção brasileira, ajudando a fortalecer Jair Bolsonaro (PL). Quando as condenações de Lula foram descartadas por motivos processuais no ano passado.
Por Redação - de São Paulo
Entre os principais agentes do mercado financeiro, dois dos mais renomados gestores de fundos multimercado do Brasil acreditam que os investidores estão se preparando para uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na eleição presidencial deste ano. O resultado é considerado praticamente certo.
Em seminário eletrônico organizado pelo banco suíço Credit Suisse, na véspera, Luis Stuhlberger disse que o ex-presidente não deve adotar políticas radicais em um eventual terceiro mandato.
— Lula é o favorito para ganhar a eleição… quase que já ganhou. Não acho que um Lula revanchista, ou Lula sindicalista, ou Lula de esquerda vão predominar — disse Stuhlberger, CEO e diretor de investimentos da Verde Asset Management.
Lula, que tem liderado todas as pesquisas de opinião até o momento, tem uma relação complexa com os mercados. Os ativos dispararam quando ele estava no poder no início dos anos 2000, auxiliado por uma alta maciça nos preços das commodities.
Reformas
Na eleição de 2018, os investidores comemoraram quando o político de centro-esquerda foi impedido de concorrer devido a condenações que o levaram à prisão. Para muitos, Lula se tornou a face da corrupção brasileira, ajudando a fortalecer Jair Bolsonaro (PL). Quando as condenações de Lula foram descartadas por motivos processuais no ano passado, liberando-o para concorrer novamente, os ativos despencaram.
No entanto, os investidores também ficaram desiludidos com Bolsonaro, que não conseguiu promover uma ampla agenda de reformas e é percebido como tendo manchado a reputação do Brasil no exterior com posições controversas sobre temas que variam de questões climáticas a vacinas. Além disso, Bolsonaro está administrando uma economia que ainda sofre com o impacto da pandemia de coronavírus: o Brasil voltou à recessão e a inflação corre acima de 10%.
— Não matem o mensageiro: as pessoas gostam do Lula lá fora. E não gostam do Bolsonaro. É um fato isso — resumiu Rogério Xavier, cofundador da gestora SPX Capital, no mesmo evento. O investidor estrangeiro vê o Brasil “com perspectiva de melhora com Lula assumindo o poder”, concluiu.