Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Afeganistão: instituições denunciam violação de direitos das mulheres

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Quinta, 23 de Setembro de 2021 às 08:31, por: CdB

 

Poucos dias após a tomada de Herat pelos talebãs, um grupo de mulheres pediu para se reunir com os líderes locais a fim de discutirem seus direitos e, vários dias depois, puderam encontrar-se com um representante do grupo islâmico.

Por Redação, com ABr - de Cabul

Os talebãs estão cometendo graves violações dos direitos humanos contra as mulheres e jovens em Herat, no oeste do Afeganistão, denunciaram nesta quinta-feira a Human Rights Watch (HRW) e a Universidade Estadual de San José (SJSU, a sigla em inglês).
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Denúncias foram feitas por ONG e Universidade de San José
Segundo a HRW e o Instituto de Direitos Humanos da SJSU, desde que assumiram o controle da cidade, em 12 de agosto de 2021, os talebãs em Herat negam às mulheres a liberdade de movimento fora de suas casas, impõe códigos de vestuário obrigatórios, restringem severamente o acesso ao emprego e à educaçã, além do direito à reunião pacífica. As mulheres de Herat disseram às duas organizações que as suas vidas foram completamente destruídas no dia em que os talebãs assumiram o controle da cidade. Essas mulheres trabalhavam fora de casa ou eram estudantes, desempenhavam funções ativas e frequentemente de liderança em suas comunidades. Elas afirmaram que estão enfrentando problemas econômicos devido à perda de rendimento e à incapacidade de trabalhar. As mulheres em Herat foram das primeiras a organizar protestos em defesa dos seus direitos, depois de os talebãs assumirem o controle de Cabul e de grande parte do país.

Mulheres de Herat

Poucos dias após a tomada de Herat pelos talebãs, um grupo de mulheres pediu para se reunir com os líderes locais a fim de discutirem seus direitos e, vários dias depois, puderam encontrar-se com um representante do grupo islâmico. No entanto, o representante do novo governo foi inflexível e disse às mulheres para parassem de insistir na questão dos direitos e que, se apoiassem o grupo no poder, seriam recompensadas com anistia total pelas atividades anteriores, talvez até conseguissem cargos no governo.

Manifestações

Após as manifestações em Herat, os talibãs proibiram protestos que não tinham aprovação prévia do Ministério da Justiça em Cabul. Determinaram que os organizadores incluíssem informações sobre o propósito de quaisquer protestos e as frases a serem usadas em quaisquer solicitações ao ministério. As mulheres entrevistadas pela HRW e pela SJSU manifestaram preocupação especial com o fato de os talebãs imporem novamente a política de exigir que tenham como companhia um mahram (familiar masculino) sempre que saírem de casa, como os talebãs fizeram quando estiveram no poder anteriormente, entre 1996 e 2001. Essa exigência afastou as mulheres da vida pública, isolou-as da educação, do emprego e da vida social, e dificultou a obtenção de cuidados de saúde, tornando-as completamente dependentes de membros da família do sexo masculino e impedindo-as de escapar caso sofressem abusos em casa. Zabiullah Mujahid, porta-voz dos talebãs, disse, em entrevista em Cabul no último dia 7, que estar acompanhado por um mahram só seria necessário para viagens de mais de três dias, não para atividades diárias, como ir ao trabalho, escola, compras, consultas médicas e outras necessidades. No entanto, as autoridades talebãs em Herat não têm sido consistentes na execução dessa política. A Human Rights Watch e o Instituto de Direitos Humanos SJSU fizeram entrevistas detalhadas por telefone com sete mulheres em Herat, incluindo ativistas, educadoras e estudantes universitárias sobre as suas experiências desde que os talibãs assumiram o controle da cidade. Todas elas falaram sob condição de anonimato, temendo pela sua segurança. Os talebãs voltaram ao poder em praticamente todo o Afeganistão em agosto, quando tomaram a capital, Cabul.
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