Rio de Janeiro, 15 de Junho de 2025

Denúncias confirmadas e falta de testemunha complicam Bolsonaro

Depoimentos de militares e a ausência do almirante Olsen dificultam a defesa de Jair Bolsonaro no processo sobre o golpe de 8 de janeiro.

Quinta, 22 de Maio de 2025 às 20:26, por: CdB

Olsen seria testemunha de defesa do antecessor, o almirante Almir Garnier Santos, nesta sexta-feira.

 

Por Redação – de Brasília

A defesa do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro, segundo análise de especialistas jurídicos, ficou mais difícil depois do depoimento concedido por militares de alta patente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, principalmente, pela ausência do comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, que pediu para ser dispensado como testemunhas do processo sobre o golpe fracassado no 8 de Janeiro.

Denúncias confirmadas e falta de testemunha complicam Bolsonaro | O comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, pediu para não depor
O comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, pediu para não depor

Olsen seria testemunha de defesa do antecessor, o almirante Almir Garnier Santos, nesta sexta-feira.

“O requerente informa que desconhece os fatos objeto de apreciação na presente ação penal, motivo pelo qual requer o indeferimento da sua oitiva na qualidade de testemunha”, solicitaram ao Supremo os advogados da União que representam Olsen.

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Tropas

Marcos Olsen era comandante de Operações Navais em 2022, área responsável pelo preparo e emprego das forças e dos fuzileiros navais na Marinha. Seria, na visão da defesa de Garnier, a testemunha adequada para comprovar que não houve movimentação de tropas no fim do governo Jair Bolsonaro (PL) para se dar um golpe de Estado.

O atual comandante integra o Almirantado, colegiado da Marinha composto pelos dez almirantes-de-esquadra da ativa, inclusive durante o período de Bolsonaro, quando passou por um estremecimento, às vésperas do Natal de 2022. Garnier anunciou que não iria participar, por razões políticas, da cerimônia de passagem de comando, um fato inédito desde a redemocratização.

O ministro Alexandre de Moraes, diante da decisão da testemunha, pediu nesta quinta-feira que a defesa de Garnier se manifeste sobre o pedido de desistência. Para integrantes do STF, o comparecimento do chefe da Marinha era opcional, uma vez que não foi intimado judicialmente a depor.

 

Processo

A Primeira Turma do STF iniciou, na véspera, a oitiva das testemunhas de defesa no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado planejada por aliados de Jair Bolsonaro (PL). A etapa deve se estender até o início de junho e marca um novo momento no processo, após a conclusão dos depoimentos de acusação e do colaborador Mauro Cid.

De acordo com a legislação vigente, os depoimentos seguem uma ordem definida para assegurar o pleno direito de defesa dos réus: inicialmente são ouvidas as testemunhas da acusação e da colaboração premiada, antes de se iniciar a escuta das testemunhas indicadas pela defesa.

A fase atual sucede os depoimentos conduzidos desde a última segunda-feira, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou seus nomes. Já foram ouvidos, por exemplo, um diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ex-comandante do Exército general Freire Gomes e o ex-comandante da Aeronáutica brigadeiro Baptista Júnior. Eles confirmaram a existência de um plano de Bolsonaro para tentar se manter no poder, mesmo após a derrota nas urnas em 2022.

 

Contundente

Para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Júnior, ao STF, desmonta de forma definitiva a versão defendida por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados sobre os eventos golpistas que marcaram o período pós-eleitoral de 2022.

“O depoimento ao STF do ex-comandante da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior é contundente: confirma que Jair Bolsonaro foi alertado sobre a total ilegalidade da trama golpista”, escreveu a ministra, em suas redes sociais.

Hoffmann acrescentou que, segundo o brigadeiro, a cúpula das Forças Armadas chegou a discutir a prisão ilegal do ministro Alexandre de Moraes, do STF; além de relatar que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, se ofereceu para usar tropas na tentativa de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1º de janeiro de 2023.

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