A destruição na porção brasileira da Amazônia subiu 30% no mês passado na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Por Redação, com Reuters - de Brasília
O desmatamento na floresta amazônica do Brasil aumentou em março, mostraram dados do governo nesta sexta-feira, o que indica que os madeireiros ilegais e especuladores de terra não se detiveram, com a chegada da epidemia de coronavírus. Ao contrário. Aproveitam a redução no número de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para ampliar a derrubada da Floresta Amazônica.
A destruição na porção brasileira da Amazônia subiu 30% no mês passado na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Nos três primeiros meses de 2020, o desmatamento na Amazônia cresceu 51% em relação a um ano atrás e chegou a 796 quilômetros quadrados, uma área aproximadamente do tamanho da cidade de Nova York.
Desmatamento
O Brasil confirmou o primeiro caso do novo coronavírus em 28 de fevereiro, e a doença chegou à região amazônica em meados de março. As autoridades do Amazonas, o maior Estado da região da floresta amazônica, alertaram na quarta-feira que o sistema de saúde local já está quase no limite de sua capacidade com cerca de 900 casos confirmados do vírus.
A epidemia de coronavírus colocou em suspenso quase todos os segmentos da economia do país, mas não a destruição ambiental, disse Carlos Nobre, cientista da Universidade de São Paulo (USP) especializado em sistemas da Terra.
— Os dados não mostram um impacto forte como estamos vendo em todos os setores da economia. Não estamos vendo isso com o desmatamento, que continua alto — explicou.
Imazon
No mês passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disse estar enviando menos agentes de campo para combater crimes ambientais, como o corte ilegal de madeira, o que leva pesquisadores a temerem que o desmatamento crescerá de maneira desenfreada. O Ibama disse que os cortes serão feitos em outros locais e não afetarão a Amazônia.
O policiamento reduzido e uma recessão provável, que levará mais pessoas a praticar atividades ilegais para terem renda, podem intensificar a devastação, alertou Carlos Souza Jr., pesquisador da entidade sem fins lucrativos Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
— Existe o risco de o coronavírus e a Covid-19 criarem condições para mais desmatamento. Só tivemos três semanas e meia de isolamento social... ainda é cedo demais para julgar — disse Souza.
Agronegócio
O desmatamento aumentou desde o ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro tomou posse – ambientalistas dizem que suas políticas estão incentivando os madeireiros ilegais, fazendeiros e especuladores.
A disparada na destruição provocou críticas globais a Bolsonaro, já que a preservação da Amazônia é considerada vital para conter as emissões dos gases estufa que causam o aquecimento climático.
O lobby do agronegócio argumenta que o desmatamento é cometido por criminosos com laços tênues com a agricultura, mas mesmo assim teme que este prejudique a imagem dos produtos agrícolas brasileiros em todo o mundo, disse Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio. A elevação do desmatamento durante a estação chuvosa, que normalmente dura até abril, é um sinal perturbador, disse Brito.
— Sabemos que, onde você tem desmatamento na estação chuvosa, isso se transformará em incêndios na estação seca para limpar a área, então isso é muito preocupante — concluiu.