“É preciso unir os trabalhadores e o movimento social, e ampliar ainda mais a frente política para além do espectro de aliança vigente”.
Por Elder Vieira – de Brasília
O imperialismo está passar por maus bocados, especialmente o sediado nos EUA. Trump, última e mais virulenta cria fascista do capital financeiro, resolveu ir para o tudo ou nada, e atira para todos os lados, com o fito de resgatar a liderança do cordão dos parasitas, trupe que desfila por Wall Street, pela Internet, pela City londrina, pelas margens do Reno, bulevares franceses e outras bolsas e bossas.

O pavor de Trump é a China, atrevido país socialista que, em aliança com a Rússia, comanda o bloco da contra-hegemonia cujo alvo é a velha ordem internacional protagonizada por ianques e europeus do oeste, excluída a Ibéria.
A metralha giratória do orange man pretende atingir o México, o Canadá, antigos parceiros da velha Europa, o Brasil e os demais membros dos BRICS. Como caixeiro do varejo, procura conversar em separado com esta e aquela potência. Não quer mais as amarras dos blocos.
A China, por seu turno, dá sinais de vitalidade e saúde, na economia, na geopolítica, na ciência e tecnologia, em sua gestão e democracia socialista. Já a Rússia, considerado o semblante sempre zombeteiro de Putin, parece se divertir com os arroubos da, um tanto combalida, Otan e de seu fantoche ucraniano. O Irã fala grosso. A presidente do México faz chacota com a cara do arremedo de cheetos que ocupa a Casa Branca.
Ocorre que nada disso autoriza a pensar que o cão fascista é inofensivo. Ele está alojado numa grande nação, e está armado até os dentes. Os EUA estão para o mundo hoje como a Alemanha estava na primeira metade do século XX. As bravatas anexionistas de Trump não podem ser naturalizadas e glosadas por intermédio de mofas. Trump é a ponta de lança do imperialismo em sua ofensiva de fera ferida contra os povos e os trabalhadores do mundo.
No Brasil ele tem seu sócio e correligionário: Jair Bolsonaro, chefe da extrema-direita fascista tupiniquim. Golpista, viúva da Ditadura de 64, encontra-se cercado, e passa por dificuldades, mas não está liquidado politicamente. Permanece como a vanguarda das forças do atraso, candidato mais uma vez, ele ou algum de seus liderados, a chefe de um governo de ocupação estadunidense, ditatorial, em território brasileiro.
Forças do atraso
As forças do atraso, conhecem-se de longa data: o imperialismo, mormente o norte-americano; o latifúndio, especialmente o improdutivo, do campo e da cidade; os especuladores da oligarquia financeira, bancos à testa. Não contam somente com a extrema-direita, por certo, mas depositam nela confiança como última linha de recuo.
São essa forças que comandam, tendo na coleira os fascistas, o assédio ao governo Lula. Elas estão na base da especulação em torno dos preços dos alimentos. De suas bolsas saem os milhões que alimentam a mídia sua vassala para que ataquem diuturnamente o Presidente da República e as forças progressistas que o apoiam. São elas a traçar, disciplinadas e contumazes, a linha de ação política das forças conservadoras e reacionárias no Congresso Nacional. São elas a darem as cartas no Banco Central.
Faz-se necessário unir o Brasil contra essas forças antidemocráticas, antinacionais e antipopulares, capitaneadas pelo imperialismo. Nesse momento, clamar pelo sucesso do Governo é insuficiente, embora justo. A questão democrática está a imbricar-se com a questão nacional. O país, sua economia, suas instituições, sua gente, está sob ataque, desferido de fora e de dentro. É preciso unir os trabalhadores e o movimento social, e ampliar ainda mais a frente política para além do espectro de aliança vigente, com base em uma plataforma de defesa dos interesses nacionais, da democracia e do povo.
É urgente união para defender o Brasil contra as forças do atraso.
Elder Vieira, é escritor, gestor público e comunista desde 1983. É autor de Tragédia Paulistana, Os Anos Verdes de Lindaura – Crônicas e Histórias Curtas, e A Ponte no Tempo.
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