Domingo, 07 de Novembro de 2021 às 16:05, por: CdB
A radiação otimizada em aceleradores de partículas ajuda a enxergar, em meio digital, a estrutura de matérias como proteínas e até átomos, como se fosse uma poderosa lupa. Algo tão tecnológico, pode afetar diretamente o dia a dia das pessoas.
Por Redação, com ABr - de São Paulo
Um super microscópio. É assim que a comunidade científica define o Sirius, laboratório desenvolvido no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), situado em Campinas, São Paulo. Com 68 mil metros quadrados de área construída, o Sirius foi estrategicamente pensado e projetado para usar uma luz abundante no universo em favor da ciência no planeta Terra. É a luz síncrotron.
A radiação otimizada em aceleradores de partículas ajuda a enxergar, em meio digital, a estrutura de matérias como proteínas e até átomos, como se fosse uma poderosa lupa. Algo tão tecnológico, pode afetar diretamente o dia a dia das pessoas, especialmente, em áreas como meio ambiente, energia, agricultura, medicina e até astronomia, como explica o diretor do CNPEM, Antonio José Roque.
— isso aqui é um grande gerador de conhecimento — afirmou.
Além de possibilitar pesquisas e um enorme grau de conhecimento, o diretor destaca o potencial mercadológico do projeto.
— A hora que você estuda aqui dentro, por exemplo, novos fármacos e consegue que uma empresa farmacêutica, lá na frente, coloque esse fármaco na prateleira, provavelmente isso tudo também já vai pagar o investimento foi feito aqui — acrescentou.
O laboratório, de fora, lembra um estádio de futebol e até mesmo um Objeto Voador Não Identificado (Ovni), como os retratados nas telas de cinema. Mas, comparações à parte, o Sirius tem mostrado avanços científicos que levam o nome do Brasil à dianteira nas pesquisas no mundo.
Linha de luz
Em um período marcado pelo combate à pandemia, Daniela Trivella, pesquisadora do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), destaca a importância de uma linha de luz batizada de Manacá, dedicada a estudar novos medicamentos, inclusive para combater a covid-19.
— Imagina: o vírus é pequeno, as proteínas são um pequeno pedaço, é uma unidade muito menor do que o vírus. Então, se a gente inibe a ação dela, o vírus não consegue se replicar no interior das nossas células, causar infecção, e, em decorrência, a inflamação, e aí levando a doença que é a covid19 — ressaltou a cientista.
As pesquisas neste laboratório também podem ter impacto direto na agricultura, com alternativas para a escassez de fósforo do solo e na exploração do pré-sal no Brasil. Além disso, os estudos com a luz síncrotron podem ajudar a esclarecer mistérios do universo.
Inovação
Para os interessados em seguir a carreira, a novidade é que todo este saber científico poderá, a partir de agora, ser compartilhado em um curso de graduação que tem foco na formação de cientistas. Na escola de Ciência Ilum, ligada ao CNPEM, os alunos poderão aprender de graça, com direito a transporte, moradia e alimentação financiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e também pelo Ministério da Educação.
As inscrições estão abertas.