Rio de Janeiro, 14 de Maio de 2025

A solidariedade internacional e a Revolução Cubana

Por Pedro Monzón - O anti-imperialismo e a solidariedade entre as nações que desejam se tornar independentes para construir uma sociedade justa são necessidades essenciais em nosso tempo, pois esses processos sociopolíticos permanecem muito isolados.

Terça, 26 de Julho de 2022 às 06:21, por: CdB

O anti-imperialismo e a solidariedade entre as nações que desejam se tornar independentes para construir uma sociedade justa são necessidades essenciais em nosso tempo, pois esses processos sociopolíticos permanecem muito isolados.

Por Pedro Monzón - de São Paulo

A Revolução Cubana nasceu solidamente unida ao impulso radical pela independência nacional, justiça social e solidariedade internacional. É inconcebível que qualquer movimento progressista e de independência legítimo no mundo não tenha uma projeção essencial nessas áreas e, em particular, na solidariedade internacional, que, por sua vez, é impossível dissociar do anti-imperialismo.
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"O Brasil representa um caso especial de solidariedade com Cuba", diz Pedro Monzón
O anti-imperialismo e a solidariedade entre as nações que desejam se tornar independentes para construir uma sociedade justa são necessidades essenciais em nosso tempo, pois esses processos sociopolíticos permanecem muito isolados. O desencadeamento de revoluções simultâneas não ocorreu, nem está previsto, de forma a encorajar alguns Estados a acompanhar outros e estabelecer um bloco fechado difícil de romper. Em contraste, durante o período pós-guerra, o capitalismo avançou para uma globalização neoliberal agressiva liderada pelo imperialismo norte-americano, que conta com o apoio de outros países capitalistas e imperialistas ocidentais. É verdade que há sinais de crise do sistema capitalista e que ele avança para um mundo multipolar, de modo que o domínio unipolar é cada vez mais frágil. No entanto, o capitalismo continua a predominar, o imperialismo dos EUA ainda tem um controle global substantivo nos campos político, militar e financeiro, e exerce uma influência ideológica e cultural perniciosa. Em tais circunstâncias, os países que hoje representam sistemas alternativos de independência nacional e justiça social, e os partidos e movimentos sociais que lutam para alcançar seus objetivos, devem apoiar-se mutuamente para ter sucesso e se desenvolver. É por isso que a solidariedade anticapitalista e anti-imperialista são condições indispensáveis da luta revolucionária. A política externa da Revolução Cubana sempre foi identificada com a solidariedade. Cuba apoiou a luta anticolonial e pela independência nacional na África, Ásia e América Latina. Há muitos exemplos: apoio à luta vietnamita contra a agressão ianque e ao povo porto-riquenho contra o colonialismo norte-americano; à luta anticolonial em África, em particular, pela independência de Angola e da Namíbia e pelo fim do apartheid na África do Sul. Um paradigma simbólico do internacionalismo que emana da Revolução Cubana é o representado por Che Guevara. Cuba enviou professores a diferentes partes do mundo e promoveu o bem-sucedido sistema de alfabetização "Yo Sí Puedo". Muitos cidadãos vietnamitas, latino-americanos, africanos e norte-coreanos estudaram em Cuba. Na saúde, o impacto foi muito especial. Mais de 600 mil profissionais desta área prestaram serviços solidários a populações humildes em mais de 100 países. Desde o triunfo da Revolução, Cuba formou dezenas de milhares de médicos das classes populares na Escola Latino-Americana de Medicina e recebeu mais de 25 mil crianças afetadas pela radiação dos acidentes de Chernobyl e Goiânia (Brasil).

Afetados pela pandemia

Cuba prestou serviços a vários países afetados pela pandemia por meio das Brigadas Henry Reeves contra Epidemias e Catástrofes Graves e desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da Missão Milagros, que restaurou a visão de milhares de pessoas na América Latina e no Caribe. Não é um fenômeno unilateral, o apoio solidário a Cuba tem sido muito importante. Na grande maioria dos países, desde o primeiro ano da Revolução, foram criadas inúmeras organizações e brigadas de solidariedade, sustentadas por mais de seis décadas. Sua atividade se manifestou na luta contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos, no incessante esforço pela libertação do menino Elián, que foi sequestrado nos Estados Unidos; na campanha pela libertação dos 5 heróis, que sofreram longos e injustos confinamentos nas prisões dos Estados Unidos, e em muitas outras ocasiões.

Brasil

O Brasil representa um caso especial de solidariedade com Cuba. Em quase todos os estados existem associações de amizade com a ilha. Essas associações unem praticamente todos os partidos e ONGs esquerdistas e progressistas, que deixam as diferenças de lado, para apoiar Cuba. A mídia alternativa brasileira, em sua maioria, oferece espaços importantes para a defesa de Cuba e dentro deles, o Brasil de Fato ocupa um lugar de destaque. Todos têm sido ativos na promoção da verdadeira Cuba contra as notícias falsas da mídia e das redes sociais, cujas mensagens seguem fielmente suas fontes nos EUA. Nenhum dos movimentos de solidariedade se confundiu com a chuva de distorções que inundaram os canais de comunicação. Muitos se juntaram às brigadas de solidariedade que visitam Cuba anualmente e coletaram doações para suprir as grandes deficiências causadas pelo bloqueio. Cuba não irá decepcioná-los. A Revolução cubana resistirá e continuará a progredir. Nossa solidariedade foi mantida e será mantida por mais difíceis que sejam as circunstâncias.  

Pedro Monzón, é cônsul-geral de Cuba em São Paulo.

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