Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Seminário discute papel dos museus nos 200 anos de Independência

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Sexta, 28 de Outubro de 2022 às 11:32, por: CdB

O tema da conferência é Museus, formação e afirmação da Museologia no Brasil e na América Latina: dependências, independências ou interdependências?. O objetivo é ampliar o o olhar para os processos que países vizinhos também viveram com o fim da colonização europeia.

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

O papel dos museus e da museologia no Bicentenário da Independência do Brasil é tema de discussão que começou na quinta e terminou nesta sexta-feira no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio.

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Encontro é realizado no Museu de Astronomia, em São Cristóvão, no Rio

Chamado de Museus, Museologia e Ciência: 200 anos de in(ter)dependência, inquietude e utopia, o seminário teve a programação retomada às 10h30 desta sexta-feira, com conferência da pesquisadora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Tereza Cristina Moletta Scheiner. 

O tema da conferência é Museus, formação e afirmação da Museologia no Brasil e na América Latina: dependências, independências ou interdependências?. O objetivo é ampliar o o olhar para os processos que países vizinhos também viveram com o fim da colonização europeia.

No período da tarde, a discussão avançou no tempo e abordou a primeira metade do Século XX à década de 70 na segunda mesa do dia, com três debatedores, sendo um deles o atual diretor do Museu da República, Mário de Souza Chagas.

A virada do Século XX para o XXI e das perspectivas interdisciplinares à  transdisciplinaridade é o tema da última mesa, que terá Aline Montenegro Magalhães (Museu Paulista/USP), Clóvis Carvalho Britto (UNB) Marília Xavier Cury (Museu de Arqueologia e Etnologia/USP) e Luiz Carlos Borges, do MAST, como mediador.

Para participar, é preciso se inscrever no site do evento. As inscrições custam R$ 50  para profissionais e R$ 25 para estudantes.

Museu de Arte do Rio traz conceito de Lélia Gonzales em nova bandeira

O Museu de Arte do Rio (MAR) tem uma nova bandeira, hasteada na quinta-feira, que ficará como símbolo do equipamento até o primeiro semestre do ano que vem. Criada pela artista Rosana Paulino, um dos principais nomes da arte brasileira contemporânea, com trabalhos atualmente expostos na Bienal de Veneza, a obra traz conceito da filósofa Lélia Gonzalez e propõe reflexões sobre o lugar de fala da mulher negra e ancestralidade afro-brasileira.

– A gente tinha muito desejo, já há algum tempo, de pensar uma nova bandeira com a Rosana. O MAR já fez, inclusive, uma individual com a Rosana de muito sucesso (Rosana Paulino: A Costura da Memória, em 2019). Então, a gente já tinha a ideia de convidá-la para fazer a bandeira e, agora, entrou em cartaz a exposição Um Defeito de Cor, que trata das discussões raciais, da escravidão, da presença das pessoas negras vindas na diáspora. Com isso, foi importante coincidir as duas coisas, convidamos a Rosana para criar uma bandeira exclusiva para o MAR e ela nos deu esse presente – disse à Agência Brasil o curador chefe do museu, Marcelo Campos.

A artista se baseou no conceito de “Pretuguês” da filósofa Lélia Gonzalez. Trata-se de um conceito de junção, e de orgulho também, onde os falares brasileiros misturariam referências das línguas africanas com referências do português clássico vindo do colonizador, explicou Campos. “A gente teve grandes nomes em torno dessa ideia do “pretuguês”, como Clementina de Jesus, os antigos sambistas, que gravavam em uma língua que não caberia na norma culta da língua”, comentou Marcelo Campos.

Segundo ele, quando Lélia traz a ideia do que seria o “pretuguês”, ela liberta essa relação de erro, que pode ser muito mais uma espécie de sotaque, de modo popular do brasileiro falar, do que, necessariamente, um erro gramatical.

Espadas

A bandeira mostra a imagem de perfil de uma mulher negra cuspindo espadas de São Jorge. Para Rosana Paulino, trazer a frase de uma pensadora negra como Lélia é uma oportunidade de discutir questões relativas ao racismo, como o feminismo negro e a demonização dos elementos de poder ligados à cultura negra.

– A ideia da bandeira é trazer elementos inerentes à cultura negra e, assim, discutir questões relativas ao racismo, como o uso, e demonização, por algumas pessoas, dos elementos de poder ligados à cultura negra, como é o caso das plantas de Axé, representadas pela espada de Iansã, Orixá feminino de grande força e presença na cultura afro-brasileira. Ao trazer a frase de uma intelectual mulher, levantamos também a questão da presença e força feminina negra no país, nesse momento. Não seremos mais caladas. As palavras são a nossa força, daí o modo como aparece simbolicamente como "arma", como espada e lâmina, no formato da planta ritual que é a espada de Iansã – afirmou Rosana Paulino.

Nascida em São Paulo, em 1967, Rosana Paulino é artista, educadora e curadora, doutora em artes visuais pela Universidade de São Paulo (USP). Ela tem se destacado por sua produção ligada a questões sociais, étnicas e de gênero, abordando temas como a posição da mulher negra na sociedade brasileira, a violência racial e as marcas deixadas pela escravidão. Possui obras importantes no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu Afro-Brasil, São Paulo.

Importância

Na avaliação do diretor e chefe da representação da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil, Raphael Callou, o hasteamento da bandeira é uma forma de o MAR reafirmar a importância de ter a mulher negra no lugar mais alto do museu.

– Trazer a Rosana Paulino para fazer a bandeira é seguir a vocação que nós acreditamos. O MAR é um museu que encontra sua vocação quando se posiciona. Nesse sentido, nós sempre procuramos trazer exposições e ocupações que estejam vinculadas às questões sociais, afro-brasileiras e indígenas e às questões de território. Nós também sabemos da importância da Rosana no cenário da arte brasileira e internacional. Dessa forma, trazê-la para o MAR e colocá-la no topo do museu é muito representativo.

A OIE é gestora do museu desde janeiro deste ano, apoiando as programações expositivas e educativas do MAR a partir de um conjunto de atividades. 

Funk

No segundo semestre de 2023, o MAR terá nova bandeira. “A gente tem mais de uma bandeira por ano”, informou Marcelo Campos.

Para o próximo ano, um dos principais assuntos a serem abordados pelo Museu será o funk.

– E, provavelmente, a gente vai buscar uma bandeira relativa a essa questão. Mas ainda não temos nenhum nome escolhido.

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