Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

‘Sardinhas’ levam milhares às ruas da Itália, em protesto contra neofascista Salvini

O ato tem como objetivo evitar uma vitória da extrema direita no pleito que será realizado no próximo domingo na região, um histórico feudo da esquerda italiana.

Domingo, 19 de Janeiro de 2020 às 14:07, por: CdB

O ato tem como objetivo evitar uma vitória da extrema direita no pleito que será realizado no próximo domingo na região, um histórico feudo da esquerda italiana.

 
Por Redação, com Ansa - de Bolonha, Itália
  Milhares de seguidores do movimento das "sardinhas" estão reunidos neste domingo em uma praça de Bolonha, capital da região da Emilia-Romagna, no norte da Itália, em um ato contra a campanha do ex-ministro do Interior Matteo Salvini (Liga) para as eleições de 26 de janeiro.
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Os integrantes do movimento 'Sardinhas' lutam contra o neofascismo, que ameaça a República Italiana
— Será o dia da virada para a política italiana. Já vencemos ao trazer as pessoas de volta às praças, despertando o senso cívico — disse Mattia Santori, um dos criadores do grupo ao diário italiano La Repubblica. O ato tem como objetivo evitar uma vitória da extrema direita no pleito que será realizado no próximo domingo na região, um histórico feudo da esquerda italiana. — Se Salvini perdesse, seria perturbador, já que a derrota teria sido ajudada por uma força de rua que gastou zero euros — ressaltou o líder do grupo.

Jerusalém

O movimento tem se espalhado por todo o país, lotando praças e ruas com manifestantes "espremidos como sardinhas". Os protestos têm viés abertamente progressista e levantam bandeiras contra o fascismo e em defesa de migrantes e do meio ambiente. Será uma praça de música e palavras, nossa maneira de aproximar os cidadãos da política. Falaremos sobre paz, discriminação, homofobia e não violência", finalizou Santori. (ANSA) Na tentativa de se aproximar do público judeu, Salvini afirmou, nesta manhã, que reconhecerá Jerusalém como a capital de Israel caso se torne primeiro-ministro. A declaração foi dada durante entrevista ao jornal "Israel Ha-Yom", na qual pediu que a União Europeia (UE) "proíba" o movimento pró-palestino Boicote Desinvestimento e Sanções (BDS).

Inimigos

O BDS busca aumentar a pressão política e econômica sobre Israel. Segundo Salvini, o ódio por Israel é um crime perigoso e é preciso mudar essa cultura. — Temos que começar a trabalhar nas escolas, entre os jovens. Posso lhe dizer que as instituições europeias não são amigas de Israel. Acho que não devemos nos concentrar nessas instituições, mas nas novas gerações — explicou Salvini. Ele ressaltou, ainda, que "aqueles que querem apagar o Estado de Israel devem saber que somos seus inimigos". — Israel é um aliado. Isso deve ser ensinado nas escolas e universidades — acrescentou.

Mobilizados

Poucos dias após uma conferência do Senado italiano sobre antissemitismo, Salvini, considerado próximo ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda reiterou à publicação que a Liga "não tem vínculos com organizações políticas", como CasaPound, Forza Nuova e Fiamma, definidas pelo jornal “antissemitas". Ao ser questionado sobre o ressurgimento do antissemitismo na Europa, tema que será discutido em Jerusalém nos próximos dias 22 e 23 de janeiro por ocasião do 75º aniversário da libertação de Auschwitz, o ex-vice-premier ressaltou que isso está relacionado ao "fortalecimento do extremismo islâmico e do fanatismo nos últimos anos". — É muito importante enfatizar que isso está ligado ao fato de que certos elementos do mundo acadêmico e da mídia são mobilizados contra Israel e eles criam ódio contra Israel para justificar o antissemitismo — disse.

Antissemitismo

O secretário da Liga recordou a existência de movimentos políticos nazistas e comunistas e afirmou que "a presença massiva de imigrantes de países muçulmanos contribui para a disseminação do antissemitismo também na Itália". — Há um antissemitismo da extrema direita e da extrema esquerda — afirmou. Pensamos em Jeremy Corbyn ou ativistas de esquerda na Alemanha que não querem ser como os nazistas e ainda se veem boicotando produtos israelenses", denunciou.
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