Rio de Janeiro, 19 de Maio de 2025

Retomada da energia nuclear recebe apoio da maioria dos alemães

Uma pesquisa revela que 55% dos alemães apoiam o retorno à energia nuclear após o fechamento das usinas em 2023. Entenda as implicações políticas e sociais.

Sexta, 04 de Abril de 2025 às 15:39, por: CdB

Alemanha encerrou operação de todas as usinas nucleares em 2023. Agora, 55% dos alemães se mostram favoráveis a uma reversão da política. 

Por Redação, com DW – de Berlim

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela empresa de marketing Innofact revelou que 55% dos alemães são a favor do retorno à energia nuclear no país.

Retomada da energia nuclear recebe apoio da maioria dos alemães | Último parque nuclear na Alemanha foi encerrado em 2023
Último parque nuclear na Alemanha foi encerrado em 2023

As últimas usinas nucleares em operação na Alemanha foram desligadas em abril de 2023, encerrando um ciclo de mais de seis décadas desde a inauguração do primeiro reator no país. O fim da era nuclear foi encarado como um marco do governo do chanceler federal alemão Olaf Scholz e o coroamento de décadas de ativismo ambiental contra essa forma de produção de energia.

No entanto, desde então, a retomada nuclear tem sido pauta de embates políticos, acentuados pelo aumento dos custos de energia no país. É também um dos principais pontos de atrito nas atuais negociações entre o bloco conservador CDU/CSU, de Friedrich Merz, e os social-democratas (SPD), de Scholz, para formação do novo governo federal.

Merz, provável futuro chanceler alemão, é defensor da matriz atômica, um movimento também encampado pela França e Japão, que vêm investindo em aumentar seu parque de reatores.

Opinião pública dividida

Além dos 55% favoráveis, 36% dos entrevistados disseram ser contra o retorno à energia nuclear e 9% estavam indecisos.

Mais de seis em cada dez homens defendem a retomada nuclear na Alemanha, enquanto o apoio entre as mulheres permanece abaixo da metade.

O estudo também indica diferenças geográficas. A proposta tem maior aceitação no sul e no leste da Alemanha, em comparação com o norte e o oeste.

Ao todo, 22% dos entrevistados afirmaram que a retomada deve ocorrer por meio da reabertura dos reatores desativados, enquanto 32% defendem a construção de novas usinas.

A pesquisa ainda indica que 57% dos entrevistados são a favor do investimento contínuo em outras formas de energia renovável, 17% são contra e o restante se diz indeciso.

O levantamento ouviu 1.007 alemães entre 18 e 79 anos em março de 2025. A pesquisa foi publicada no site da Verivox, que oferece informações ao consumidor sobre preços de energia, telefonia e seguros.

O que o novo governo deve fazer?

A CDU/CSU diz que está analisando “se um retorno ao serviço dos reatores nucleares desativados seria técnica e financeiramente viável, considerando seu estado individual atual”.

Já o SPD é historicamente contra a retomada da operação, movimento seguido pelos Verdes. As duas legendas foram responsáveis por iniciar, em 1998, o processo de eliminação gradual da produção nuclear na Alemanha, durante o governo de coalizão liderado por Gerhard Schröder.

A ex-chanceler Angela Merkel chegou a estender significativamente a vida útil das usinas no país. No entanto, o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, levou seu governo a reverter a decisão e acelerar o processo de desligamento definitivo desse tipo de geração de energia na Alemanha.

Em 2023, o governo Scholz encerrou definitivamente a produção nuclear, mantendo o país alinhado a décadas de pressão ambientalista contra a expansão da energia nuclear.

Embora não emita dióxido de carbono durante a produção, a energia nuclear é alvo de críticas por seus impactos indiretos, como as emissões associadas à extração do urânio, o acúmulo de resíduos radioativos de longa duração e os riscos de contaminação da água ou de acidentes graves.

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