A medida gerou debate às vésperas de um referendo importante na Austrália sobre os direitos de povos indígenas, bem como das eleições presidenciais de 2024 nos EUA.
Por Redação, com BBC - de São Francisco
A rede social X (antigo Twitter) de Elon Musk desativou uma ferramenta que permitia aos usuários relatar informações erradas sobre eleições, dizem pesquisadores.
Segundo a ONG Reset.Tech Australia, o recurso foi removido nas últimas semanas, com exceção da União Europeia.
A medida gerou debate às vésperas de um referendo importante na Austrália sobre os direitos de povos indígenas, bem como das eleições presidenciais de 2024 nos EUA.
Autoridades australianas dizem que a circulação de desinformação eleitoral é a pior já vista.
A ferramenta, disponível nos EUA, Austrália e Coreia do Sul desde 2021, havia sido expandida para outros países no ano passado.
Em uma carta pública, a Reset.Tech Australia classificou a medida como "extremamente preocupante", já que a Austrália se prepara para realizar o referendo no próximo mês.
"Parece que agora não existe mais canal para reportar desinformação eleitoral em sua plataforma", disse o grupo.
Usuários da rede ainda podem denunciar postagens que considerem odiosas, abusivas ou spam.
A mudança
O primeiro referendo da Austrália em quase um quarto de século acontecerá em 14 de outubro.
A mudança também poderá afetar a capacidade dos eleitores de reportarem informações erradas antes das eleições presidenciais de 2024 nos EUA.
De acordo com a Reset.Tech Australia, o recurso continua disponível para países da União Europeia, onde um estudo recente sugere que a rede X concentra a maior proporção de desinformação entre seis grandes redes sociais.
O estudo da Comissão Europeia examinou mais de 6 mil publicações no Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok, X e YouTube.
O estudo aponta que o X tinha a maior "taxa de descoberta" de desinformação, o que significa as chances de um usuário se depararem com desinformação.
O YouTube teve o valor mais baixo, sugeriu o estudo.
– Minha mensagem para (a plataforma X) é: vocês têm que cumprir a lei. Estaremos observando – alertou a Comissária de Valores e Transparência da UE, Vera Jourova.
Na UE, os gigantes da tecnologia devem cumprir a Lei dos Serviços Digitais da UE (DSA), que se propõe a proteger usuários e impedir interferência eleitoral.
Desde que Musk assumiu o controle do X, ou Twitter, como era então conhecido, no final de 2022, a empresa foi acusada de permitir um aumento do discurso de ódio e da desinformação.
Musk negou isto em entrevista recente à agência britânica de notícias BBC.
Ele argumentou que o recurso "Notas da Comunidade" da plataforma, que permite aos usuários comentar nas postagens para sinalizar conteúdo falso ou enganoso, é a melhor forma de verificar os fatos.
À BBC procurou a rede X para comentar os pontos desta reportagem.