Tem lógica: a partir fenômeno Trump, cérebros norte-americanos, conscientemente a serviço do Império, tentaram com Bolsonaro, e deu certo.
Por Luciano Siqueira - de Brasília
Agora cuidam de sistematizar a experiência para levar a outras plagas. Oficialmente por iniciativa de alunos da Universidade de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Boston, nos EUA, com a participação de jornalistas brasileiros, Patrícia Campos Mello, da Folha, Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo, e da pesquisadora Yasodara Córdova, de Harvard, recentemente se debateu a disseminação de fake news nas redes sociais e os efeitos dessa prática na disputa que elegeu Jair Bolsonaro presidente do Brasil.
O uso espantosamente ilimitado de mensagens falsas por meio de militantes ou bots (robôs) na disseminação de "verdades" diretamente vinculadas ao comportamento dos eleitores sem dúvida teve papel destacado. Óbvio que o capitão de extrema direita não se elegeu exclusivamente por conta da manipulação das redes sociais. Outras variáveis vinculadas, por exemplo, à fortíssima e continuada campanha de mídia destinada a rebaixar a atividade política e os partidos, tendo como alvo principal o PT, abriu espaço para a vulnerabilidade do eleitorado à descrença, à intolerância e ao ódio, traduzidos através de bandeiras explicitadas de modo rasteiro, o combate à corrupção e ao crime organizado, sobretudo. Parte do esquema foi a Operação Lava Jato, acolhida por muitos como necessária, mas denunciada exaustivamente pelos seus excessos ao constranger investigados, esbanjar o uso dos mandados coercitivos e das prisões preventivas, incluídas entre os mecanismos de tortura psicológica e desmoralização pública no sentido de obrigar acusados a aderirem à delação premiada.
Revelações
Agora, com as revelações do site Intercept Brasil, desmoronam a credibilidade do ex-juiz Sérgio Moro e do procurador Deltan Dellagnol, que ocupavam o papel de paladinos da moralidade pública na conturbada cena política armada. Daí os esforços de parte da mídia, personalidades jurídicas de clara inclinação direitista e até o ministro Luis Sérgio Barroso, do STF, que caem em campo para reduzir os impactos das denúncias. O fato concreto e iniludível é que por mais sofisticados e competentes que sejam os mecanismos de tergiversação da realidade usados para confundir e influenciar o povo, quando a casa começa a cair a credibilidade se evapora. Eis um dado da conjuntura política que é preciso avaliar devidamente.
Luciano Siqueira, é médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB.As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil