Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

PT avalia que não vai haver golpe

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Sábado, 14 de Maio de 2022 às 16:04, por: CdB

"A avaliação é quase unânime no PT e no grupo de auxiliares diretos de Lula: Bolsonaro pode até tentar, mas dificilmente conseguirá ser bem-sucedido num golpe caso perca – ou perceba que vai perder – as eleições de outubro.

...os petistas acreditam que falta a Bolsonaro o tripé descrito na página 2 do Manual do Golpista Sulamericano Mirim: apoio simultâneo dos detentores do dinheiro – banqueiros e empresários –, dos Estados Unidos e, principalmente, a unidade das Forças Armadas em torno do projeto golpista."

Por Celso Lungaretti
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Mas o presidente Bolsonaro continua incitando o povo
.
A informação é de Ricardo Galhardo, num artigo que acabo de receber do Intercept Brasil por e-mail e ainda não aparece nem no seu site nem na busca do Google, intitulado O PT não tem medo de golpe.
Ele veio ao encontro da minha avaliação pessoal, várias vezes reiteradas neste blog.
Eu apenas aprofundaria um pouco a questão da grana: não é só ao Bozo que falta o apoio dos poderosos do capitalismo, mas faltaria a qualquer outro golpista, pois o sistema de exploração do homem pelo homem está colapsando à medida que não consegue mais manter o contínuo crescimento do qual depende sua sobrevivência
[Com outras palavras, o companheiro Dalton Rosado bate nesta mesma tecla em seus artigos.]
O motivo disto é que Marx estava certíssimo ao prever a derrocada do capitalismo por força de sua contradição básica: ele permite a uma ínfima minoria apropriar-se de uma fatia descomunal das receitas advindas do trabalho humano, não dando à imensa maioria poder aquisitivo suficiente para adquirir todos os bens ofertados.
É um mecanismo perverso que vem desde as crises cíclicas do capitalismo, que outrora ocorriam mais ou menos a cada dez anos. Muitos paliativos já foram adotados, como a sempre lembrada queima de café no porto de Santos no início do século passado, para que a oferta excessiva do produto não causasse uma queda acentuada de seu preço no mercado internacional.
Os produtos também independem do poder aquisitivo dos consumidores individuais quando se destinam às matanças e países pagam por eles. Assim, p. ex., os Estados Unidos só saíram da recessão econômica iniciada em 1929 (e que se alongou pela década de 1930 adentro) quando suas indústrias passaram a produzir armamentos para os países europeus utilizarem contra nazistas e fascistas.
E houve também a introdução de muitos artifícios para ir-se empurrando o acerto de contas com a barriga através da concessão de crédito muito além da capacidade que os tomadores de empréstimos têm de honrá-los. A crise do subprime nos EUA, no final da década retrasada, é o exemplo mais emblemático.
Mas, tal sobrevivência artificial do capitalismo não pode prolongar-se indefinidamente. Então, hoje o Tio Sam não tem mais poder de fogo para investir pesadamente no Brasil quando o poder balança, como fez em 1969/1970 para fabricar o ilusório milagre brasileiro, uma miragem que logo se dissiparia, mas foi o suficiente para garantir o apoio de boa parte da classe média à ditadura militar.
Os golpistas de 1964 conspiravam desde a década anterior, mas só conseguiram êxito no seu intento quando o Governo João Goulart se evidenciou impotente para debelar a crise econômica e os EUA pareciam prontinhos para acudir o Brasil (na verdade, a cor do dinheiro só foi vista cinco anos depois, quando a vaca já estava a caminho do brejo).
Evidentemente, se o genocida disser aos grandes empresários que Biden vai soltar a grana de que o Brasil carece desesperadamente, os ditos cujos rirão na cara dele. Com seus consultores caríssimos pensando por eles, não se deixam iludir por bicos de mamadeiras com formato de pênis, promessas de (logo quem!) combater a corrupção e outras sandices que só bolsominions são desinformados e tolos a ponto de engolirem.
Então, pelo menos uma vez na vida os dirigentes do PT estão certos: não vai ter golpe.
O que não os exime de, sabotando o impeachment do celerado para facilitar a vitória do Lula nas urnas, terem condenado à morte centenas de milhares de brasileiros que sobreviveriam à pandemia caso houvesse um presidente de verdade no Palácio do Planalto e não um arruaceiro desvairado investindo no caos. (Publicado originalmente no blog Náufrago da Utopia)
Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, militante contra a Ditadura militar e contra as atuais ameaças de golpe, editor do blog Náufrago da Utopia.
Direto da Redação é um fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
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