Autoridades sauditas pediram aos muçulmanos que se concentrem nos rituais de devoção, alertando contra a politização do rito em um momento de guerras na região.
Por Redação, com Reuters - de Meca
Centenas de milhares de peregrinos vestidos de branco, muitos deles segurando guarda-chuvas para se protegerem do calor de verão abrasador da Arábia Saudita, foram para Meca nesta semana para o evento anual do haj, que reproduz a rota percorrida pelo profeta Maomé 14 séculos atrás.
Autoridades sauditas pediram aos muçulmanos que se concentrem nos rituais de devoção, alertando contra a politização do rito em um momento de guerras na região e de tensões acentuadas entre a Arábia Saudita, que é muçulmana sunita, e seu adversário Irã, que é muçulmano xiita.
– O haj... não é lugar de conflitos políticos ou para erguer slogans sectários que dividem os muçulmanos – disse Abdulrahman al-Sudais, imã da Grande Mesquita de Meca, aos repórteres.
No início desta semana, o governador de Meca, príncipe Khalid al-Faisal, pediu aos fiéis que “deixem todas as outras questões em seus países para debater quando voltarem”.
A Arábia Saudita aposta sua reputação na guarda dos sítios mais sagrados do islamismo e na organização de um haj pacífico. O evento já foi maculado por debandadas fatais, incêndios e rebeliões.
As autoridades
As autoridades disseram que mais de 1,8 milhão de peregrinos já chegaram ao reino para a maior congregação anual de muçulmanos do mundo.
Diante da Grande Mesquita, a maior do mundo, as temperaturas ultrapassavam os 40 graus Celsius, e ventiladores industriais borrifavam água.
– Tudo isto é pelo haj – disse Fatima Sayed, egípcia de 43 anos de Gizé, sobre o calor sufocante. “Pedimos permissão duas vezes antes, mas Deus não permitiu, e, graças a Deus, foi uma surpresa muito grande que Ele tenha me ordenado a fazê-lo neste ano”.
Todos os muçulmanos saudáveis que têm os meios devem realizar o haj ao menos uma vez na vida, conforme um sistema de cotas.
A Arábia Saudita recorreu à tecnologia para administrar o fluxo de milhões de pessoas no mesmo lugar ao mesmo tempo, o que inclui braceletes de identificação conectados por GPS, adotados após um incidente de 2015 em que centenas de pessoas morreram esmagadas.
Uma nova rodovia de alta velocidade que liga Meca e Medina, o segundo sítio mais sagrado do islamismo, está sendo usada durante a temporada do haj pela primeira vez desde sua inauguração, em setembro.
A peregrinação é a espinha dorsal de um plano para expandir o turismo em meio a um empenho para diversificar a economia saudita, centrada no petróleo.