Perante mais de 60 mil fiéis presentes na Praça São Pedro, o argentino defendeu ainda um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e a troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia.
Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano
O papa Francisco voltou a revelar preocupação com os conflitos do mundo e a pedir paz para os países em guerra, como Ucrânia e Israel, durante a bênção Urbi et Orbi ("À cidade e ao mundo") realizada neste domingo no Vaticano após a missa de Páscoa.
– O meu pensamento dirige-se sobretudo às vítimas dos numerosos conflitos que estão em andamento no mundo, começando pelos de Israel e da Palestina, e da Ucrânia – destacou ele, saudando as populações da "Cidade Santa de Jerusalém, testemunha do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, e todas as comunidades cristãs da Terra Santa".
O Pontífice pediu "que Cristo Ressuscitado abra um caminho de paz às populações atormentadas destas regiões".
Perante mais de 60 mil fiéis presentes na Praça São Pedro, o argentino defendeu ainda um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e a troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia.
– Faço novamente um apelo para que seja garantido o acesso da ajuda humanitária a Gaza e insisto, uma vez mais, na pronta libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro e em um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza – apelou Francisco, da varanda central da Basílica de São Pedro.
Em sua mensagem pascal, Jorge Bergoglio lembrou do sofrimento enfrentado pelas crianças afetadas pelos conflitos que atingem o mundo.
– Não permitamos que as hostilidades em andamento continuem a afetar seriamente a população civil, já exausta, especialmente as crianças. Quanto sofrimento vemos nos olhos das crianças, esqueceram-se de sorrir, essas crianças nas terras de guerra.
Com o seu olhar perguntam-nos: por quê? Por que tanta morte? Por que tanta destruição? – declarou.
Segundo o líder da Igreja Católica, "a guerra é sempre um absurdo e uma derrota. Não deixemos que ventos de guerra cada vez mais fortes soprem sobre a Europa e o Mediterrâneo".
– Não cedam à lógica das armas e do rearmamento. A paz nunca se constrói com armas, mas estendendo as mãos e abrindo os corações – afirmou.
Além disso, pediu um "caminho de paz" para as populações atingidas pela guerra na Ucrânia, apelando para que "sejam respeitados os princípios do direito internacional".
– Espero que haja uma troca geral de todos os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia: todos por todos – declarou, sob um aplauso da multidão.
Demais países
Durante a mensagem, Francisco lembrou também de outros locais em crise, como Síria, Líbano, Cáucaso, Haiti, Myanmar e África.
– Não esqueçamos a Síria, que há 14 anos sofre as consequências de uma guerra longa e devastadora. Tantas mortes, pessoas desaparecidas, tanta pobreza e destruição aguardam respostas de todos, incluindo da comunidade internacional – disse o religioso.
O papa dirigiu-se de "maneira especial ao Líbano", que há muito tempo tem sido afetado por "um bloqueio institucional e por uma profunda crise econômica e social, agora agravada pelas hostilidades na fronteira com Israel".
Sobre a região dos Balcãs Ocidentais, onde estão a ser dados passos significativos para a integração no projeto europeu, ele afirmou que "as diferenças étnicas, culturais e confessionais não devem ser uma causa de divisão, mas tornar-se uma fonte de riqueza para todo o conjunto".
Da mesma forma, encorajou "as conversações entre a Armênia e o Azerbaijão, para que, com o apoio da comunidade internacional, possam continuar o diálogo, ajudar os deslocados, respeitar os locais de culto das diferentes confissões religiosas e chegar a um acordo o mais rapidamente possível de paz que é definitiva".
Francisco rezou ainda por ajuda ao povo haitiano para que cesse o mais rápido possível a violência que dilacera e ensanguenta o país e possa progredir no caminho da democracia e da fraternidade".
Já sobre Myanmar, pediu conforto aos rohingya, afligidos por uma grave crise humanitária, e que o caminho à reconciliação seja aberto.
– Que (o Cristo ressuscitado) abra caminhos de paz no continente africano, especialmente para as populações que sofrem no Sudão e em toda a região do Sahel, no Chifre de África, na região do Kivu, na República Democrática do Congo e na província do Cabo Delgado, em Moçambique, e põe fim à situação de seca prolongada que afeta vastas áreas e causa fome.
Por fim, o Santo Padre apelou por "um caminho de esperança às pessoas que em outras partes do mundo sofrem violências, conflitos, insegurança alimentar, bem como os efeitos das mudanças climáticas" e pediu "conforto às vítimas de todas as formas de terrorismo".