Deficientes visuais também enfrentam maior risco de contaminação diante da dificuldades de obter orientações e informações acessíveis em braille sobre a doença, destacou a organização, que desde o início da pandemia vem produzindo materiais para esse público, com foco especial na África.
Por Redação, com ABr - de Brasília
O Dia Mundial do Braille é comemorado na terça-feira. A data é celebrada desde 2019 por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que neste ano ressaltou como a pandemia de covid-19 serviu para reforçar a importância desse meio de comunicação para os deficientes visuais. “O confinamento por causa da pandemia levou a uma série de problemas como isolamento e dependência, principalmente para quem precisa do toque para se comunicar”, ressaltou a ONU em comunicado. Deficientes visuais também enfrentam maior risco de contaminação diante da dificuldades de obter orientações e informações acessíveis em braille sobre a doença, destacou a organização, que desde o início da pandemia vem produzindo materiais para esse público, com foco especial na África. Com a pandemia, houve ainda um impulso no desenvolvimento de meios de comunicação digitais para deficientes visuais, que têm como principal suporte a transcrição em áudio. O ensino remoto também prejudicou a utilização do braille nas escolas. Tudo isso gerou a preocupação com a chamada “desbrailização” desse público. O assunto foi tema de uma dos encontros promovidos durante o 7º Congresso Nacional de Educação, ocorrido em dezembro. Na ocasião, especialistas defenderam a promoção do braille como único meio capaz de realmente emancipar os deficientes visuais em termos de conhecimento. – O braille dá autonomia à pessoa cega. Com o avanço tecnológico, o mundo mudou, mas esse avanços de maneira alguma devem fazer com que a pessoa cega deixe o braille de lado, seja desbrailizado – disse o professor Fernando da Costa Ferreira, que é coordenador de pós-graduação do Instituto Benjamin Constant, principal instituição brasileira de produção e distribuição de livros em braille. Para Regina Caldeira, responsável pela área de edição e revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos, somente o braille permite uma verdadeira educação e autonomia aos deficientes visuais, por ser um meio para uma alfabetização genuína e permitir, sobretudo, que os próprios cegos produzam conhecimento. – (Deficientes visuais) podem e devem usar outras tecnologias, mas só os livros didáticos em braille permitem que eles possam resolver equações matemáticas, conhecer estruturas químicas, ler mapas, gráficos, tabelas e conhecer outras imagens – frisou a educadora.