Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

ONG pede investigação sobre crimes de guerra no Afeganistão

Arquivado em:
Quarta, 15 de Dezembro de 2021 às 07:01, por: CdB

A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, diz, em relatório, que "à medida que os fundamentalistas (talibãs) foram assumindo o controle do país, torturaram e mataram membros de minorias étnicas e religiosas, antigos membros das forças de segurança e simpatizantes do governo afegão".

Por Redação, com ABr - de Londres

A Amnistia Internacional (AI) pediu nesta quarta-feira uma investigação sobre crimes de guerra cometidos pelos talibãs e a morte de civis pelas forças de segurança afegãs e tropas norte-americanas, sobretudo durante os combates antes da queda de Cabul.
afeganistao.jpeg
Pedido foi feito pela secretária-geral da organização, Agnés Callamard
"Os meses que antecederam o colapso do governo de Cabul (15 de agosto de 2021) estiveram marcados por repetidos crimes de guerra e um constante derramamento de sangue cometidos pelos talibãs, assim como por mortes causadas pelas forças afegãs e norte-americanas", disse a secretária-geral da Amnistia Internacional (AI), Agnés Callamard, em comunicado.

Étnicas e religiosas

A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, diz, em relatório, que "à medida que os fundamentalistas (talebãs) foram assumindo o controle do país, torturaram e mataram membros de minorias étnicas e religiosas, antigos membros das forças de segurança e simpatizantes do governo afegão". A AI informa que no dia 6 de setembro (após a queda de Cabul), os talebãs capturaram e mantiveram em cativeiro durante dois dias cerca de 20 homens, numa ofensiva na província de Panjashir, sem qualquer tipo de assistência, alimentos ou água. De acordo com a organização, seis pessoas foram executadas pelos talebãs no mesmo dia, durante confronto para capturar antigos colaboradores do governo deposto. As testemunhas que falaram à Amnistia Internacional disseram que as pessoas abatidas no local não eram membros das forças de segurança afegãs. O comunicado cita ainda os acontecimentos do dia 29 de agosto, quando ocorreu um ataque com drones, feito pelos Estados Unidos e que matou dez pessoas, incluindo sete crianças, em Cabul. Mais 12 pessoas morreram e 15 ficaram feridas em consequência de oito tiros dados pelo Exército Nacional Afegão, no mesmo dia, também na capital.

"Crime de guerra"

O uso de armas de combate em áreas povoadas por civis é "indiscriminado" e pode constituir "crime de guerra", acusa a Amnistia Internacional. A secretária-geral da organização pediu que o Tribunal Penal Internacional investigue os atos cometidos pelos militares dos Estados Unidos e do Afeganistão "para que sejam apurados possíveis crimes de guerra". – O povo afegão já sofreu demasiado, e as vítimas devem ter acesso à Justiça e receber indenizações – disse Agnés Callamard. A organização pede aos talebãs e aos Estados Unidos que cumpram as obrigações e estabeleçam mecanismos claros e sólidos para que os civis possam solicitar ajudas pelos danos sofridos durante o conflito. – As autoridades talebãs têm agora a mesma obrigação legal de proporcionar reparações e devem abordar com seriedade todas as questões relacionadas com danos a civis – concluiu Callamard.
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo